1. AS REPRESENTAÇÕES NEGATIVAS
Em
tempos de crise, vamos buscar consolações na filosofia. Epicuro de Samos
(341-270) e Epicteto são filósofos da antiguidade que podem nos ajudar muito
com seus conselhos morais. Epicuro é o fundador do epicurismo. Enquanto,
Epicteto é um estóico. Apesar de terem concepções opostas, são éticas que podem
atuar juntas.
Segundo
Epicteto, “as coisas não inquietam os homens, mas as opiniões sobre as coisas”.
Em tempos de crise, devemos procurar manter uma opinião sobre os fatos que nos
possibilitem encontrar a tranquilidade. A opinião que temos do sofrimento e da
morte torna tudo mais difícil.
As coisas não inquietam os homens, mas as opiniões
sobre as coisas. Por exemplo a morte nada tem de terrível ou também a Sócrates
teria se afigurado assim , m as é a opinião a respeito da morte de que ela é
terrível que é terrível! Então, quando se nos apresentarem entraves ou nos
inquietarmos ou nos afligirmos, jamais consideremos outra coisa a causa, senão
nós mesmos isto é as nossas próprias opiniões.[1]
A
opinião sobre um acontecimento faz toda a diferença. Existem muitas
possibilidades sobre o futuro. Se você escolhe se preocupar com as
possibilidades menos relevantes, comprometerá o cuidado com o momento.
Portanto, procure pensar na possibilidade de que as coisas vão ocorrer bem e
esteja firme para fazer o que é necessário no tempo oportuno. O pensamento
negativo sobre o futuro compromete nosso presente. Se superarmos as
representações nocivas sobre os fatos, conseguiremos manter a nossa tranquilidade.
Diante
das adversidades, Epicteto aconselhava a criar virtudes de resistência. Ninguém
pode evitar alguns acontecimentos, mas pode trabalhar sua representação sobre
eles sem os desejos. Não deixar ser afetados pelos acontecimentos é uma
virtude. O mundo nem sempre corresponde aos nossos desejos. Portanto, somos nós
que temos de adequar nossos desejos.[2] Só
podemos mudar o que pode ser mudado e devemos nos conformar com aquilo que não
pode ser mudado.
Com
o pensamento positivo, teremos mais condições de tomar nossos cuidados. De
acordo com Epicuro, a vida feliz depende da prudência.[3]
Ser prudente é prever os futuros danos e se antecipar no cuidado. Muitas vezes,
para termos prazer no futuro, devemos renunciar algumas coisas. A prudência
manda a gente prevenir e saber medir as perdas e os ganhos. Não temos certeza
do desenrolar das coisas, mas se agirmos com cautela, nós não teremos motivos
para arrependimentos.
Textos:
EPICTETO. O Encheirídion de Epicteto. São Cristóvão: Universidade Federal de
Sergipe, 2012.
EPICURO. Carta sobre a Felicidade. São Paulo:
Editora UNESP, 2002.
[1] EPICTETO. O Encheirídion de Epicteto.
São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2012, p. 19.
[2]EPICTETO. O Encheirídion de Epicteto.
São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2012.
[3]EPICURO. Carta sobre a Felicidade. São Paulo: Editora UNESP, 2002. P. 45.
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