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quarta-feira, 22 de abril de 2020

O poder da enkráteia


 5 – A RESISTÊNCIA DO SÁBIO CÍNICO



O movimento cínico foi um dos movimentos filosóficos mais impactantes da antiguidade. Vamos buscarem Diógenes de Sinope, o cínico por excelência, as orientações para a vida feliz.

A felicidade é viver de acordo com a natureza; (2) a felicidade é algo disponível para qualquer pessoa disposta a se dedicar a um treinamento físico e mental suficiente; (3) a essência da felicidade é o autodomínio, que se manifesta na capacidade de viver feliz mesmo nas circunstâncias mais seriamente adversas; (4) autodomínio é equivalente a, ou envolve, um caráter virtuoso; (5) a pessoa feliz, assim entendida, é a única pessoa verdadeiramente sábia, nobre e livre; (6) as coisas convencionalmente julgadas necessárias para a felicidade, como riqueza, fama e poder político, não têm nenhum valor na natureza; (7) os principais impedimentos à felicidade são falsos juízos de valor, juntamente com as perturbações mentais e o caráter vicioso que derivam desses juízos falsos.

            Primeiramente, a fórmula da felicidade é viver de acordo com a natureza e é uma condição que está ao alcance de todos.  Além disso, podemos ser feliz nos tempos bons e nas adversidades. Através do autodomínio, desenvolvem-se todas as virtudes. Os falsos juízos de valor nos impedem de ser felizes. Os cínicos tinha desprezo pelas convenções sociais, pela riqueza e pela fama. Neste ponto, todas as éticas helenistas estão de acordo, a riqueza não traz felicidade.
            O autodomínio (enkráteia) é o exercício mais forte na ética cínica. Vários filósofos gregos concordam que o autodomínio ajuda o homem viver bem, evitando atitudes indesejáveis. O sábio cínico levava muito a sério o autodomínio. Ele se abstinha de todas as necessidades supérfluas, era indiferente a tudo que é convencional, mundano. No lugar de se preocupar com vantagens, riquezas e famas, o cínico concentrava seus esforços em controlar seus instintos e paixões. Os estoicos também recomendava isso também. Vencer a si mesmo deve ser a maior preocupação do sábio.
            Os cínicos consideravam os animais como os grandes exemplos de bem viver. Eles procuram somente o necessário para a sua vida. Estes filósofos são chamados exatamente de cínicos, de kyon “cão”.  Isso nos leva ao segundo conceito mais importante do cinismo, a autossuficiência. Isto é, bastar a si mesmo, não ter muitas necessidades e preocupações. O homem sábio deve ser totalmente livre das circunstâncias.
            Podemos notar algumas coincidências entre a filosofia helenista e a tradição bíblica. O livro do Eclesiastes apresenta temas comuns ao estoicismo e ao epicurismo. Nesta direção, alguns estudiosos já indicaram também uma semelhança entre Jesus e os filósofos cínicos. Jesus desaconselhava o acúmulo de riqueza, a resistência interior e orientava que a cada dia basta a sua preocupação.

Textos:

DIAS, Rafael Parente Ferreira Dias. A importância da felicidade na filosofia cínica. Griot– Revista de Filosofia, Amargosa, Bahia – Brasil, v.10, n.2, dezembro/2014.

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Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001