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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Análise de Textos Filosóficos - 07



1.        Filosofia Contemporânea: Friedrich Nietzsche e a obra “Crepúsculo dos Ídolos”

I - Considerações sobre o pensamento de Friedrich Nietzsche
            O gênero textual predominante na obra de Nietzsche é o aforismo. Seus textos são descontínuos e tratam de distintos assuntos dentro de um mesmo livro. Portanto, diferentemente de outros autores, suas obras exigem uma ordem de leitura: 1º - Crepúsculo dos Ídolos; 2º - Além do Bem e do Mal; 3º - Genealogia da Moral; 4º - A Gaia Ciência; e por último, Assim Falou Zaratustra.
            A primeira proposta de leitura será “Crepúsculo dos Ídolos”, especificamente, o título “O Problema de Sócrates”.

II – Conceitos importantes para entender Nietzsche

a)    Nihilismo: É a negação das pulsões vitais em detrimento das verdades absolutas. É um modelo mental que se concebe para interpretar o mundo. Podemos citar, dentre outros, três formas clássicas de nihilismos: Filosofia platônica, aristotélica e o cristianismo.
b)   Morte de Deus: A afirmação da morte de Deus é a denúncia do fim de um modo de pensar estruturado pelo pensamento religioso. Essa estrutura do pensamento religioso pode ser definição pela oposição entre bem e mal, céu e terra.  Em síntese, predomina nessa estrutura a superioridade do além em relação ao aquém.  Podemos incluir na expressão “morte de Deus” o fim dessa maneira de pensar tendo o Além como referência; o fim das morais tradicionais, dicotômicas;  fim das utopias e ideais políticos; dos mecanismos de apoio metafísico.
c)    Vontade de potência: É a vontade de poder do indivíduo, sua tendência querer cada vez mais poder. É uma tentativa de expandir sempre seu poder de vida.  Espinoza a chamou de “potência de agir”. Essa vontade de poder enfrenta, ou se situa entre forças ativas e forças reativas.
Forças ativas são aquelas que existem por si e forças reativas aquelas que existem para se opor. O homem é movido por essas forças. O indivíduo reativo é aquele que vive se opondo, agredindo e prejudicando o prazer do outro. O indivíduo forte é movido por forças ativas. São exemplos de forças ativas a arte; de forças reativas, a burocracia.  A moral é invenção dos fracos.
O ideal de vida eterna prioriza os fracos. Ser derrotado é o ideal da vida presente porque na vida eterna haverá uma compensação desses fracassos.
d)   Übermensch: É aquele que vive sem mecanismos metafísicos. Ele vive a condição do amor fati – uma aceitação da realidade tal como ela é. A proposta do antinihilismo é o eterno retorno.

ANÁLISE DA OBRA “CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS”
I - O PROBLEMA DE SÓCRATES
1.     Os filósofos tradicionais conservavam em si um desprezo pela vida, mas esse fato não era admitido por ser critério dessa verdade o consensus sapientium.
2.     Esses sábios tinham uma visão negativa da vida. Sócrates e Platão são exemplos desse declínio da vida e dos instintos.
3.     Havia em Sócrates uma vingança por causa de sua origem plebéia e sua condição física desprovida de beleza.
4.     Sócrates possibilitou a corrupção dos instintos, fazendo triunfar a razão e fazê-la coincidir com a virtude e a felicidade.
5.     Sócrates arruinou o paladar grego com a ascensão da dialética, pois tudo aquilo que precisa ser provado tem pouco valor.
6.     A dialética é um recurso para último caso. O seu incômodo é que em toda conversa tem de se provar o que se diz.
7.     A dialética despontecializa o intelecto do adversário, com ela pode se tiranizar, ser impiedoso.
8.     Sócrates tocou no impulso agonístico dos gregos e foi um grande erótico.
9.     Ele se aproveitou da decadência grega para impor seu método.
10.  A racionalidade proposta por ele tornou-se fonte de tirania.
11.  Ele só convence os gregos porque se coloca como salvador. Toda moral que quer aperfeiçoar a natureza humana é um mal-entendido.
12.  O combate aos instintos é uma decadência. A felicidade equivale ao reinado dos instintos.

II – A RAZÃO

1.     Os filósofos durante séculos somente cultivaram múmias conceituais. Eles acreditam no ser e camuflam com conceitos como aparência. Vivem desconfiados dos sentidos.
2.     Eles concebem como moral reprovação de tudo aquilo que nos faz crer nos sentidos.
3.     Os primeiros filósofos gregos rejeitaram os sentidos porque eles anunciam a multiplicidade, o devir, a transitoriedade. O mundo aparente é o único, o ser é uma ficção. Elogios a Heráclito.
4.     Precisamos aceitar e crer nos sentidos. As ciências que afirmam o contrário são falsas. Exemplo: Metafísica, teologia, psicologia, teoria do conhecimento.
5.     Conceitos com pretensão de universais são vazios. E eles foram colocados no topo da hierarquia de valores, o mais elevado deles é Deus. Os filósofos não aceitam que nenhum valor possa vir de baixo.
6.     O preconceito da razão nos faz acreditar em conceitos metafísicos como unidade, identidade, causa, substância. A obstinação pela razão é um fetichismo. Todas as invenções da razão são falsas.
7.     A) A aparência desse mundo fundamenta sua realidade, pois outro mundo seria indemonstrável. B) O mundo verdadeiro realmente é aparente. C) Não sentido criar fábula de outro mundo. D) É falso também dividir o mundo em verdadeiro e aparente - Crítica ao cristianismo e à filosofia kantiana (fenômeno e númeno).
8.     O único e verdadeiro mundo é esse mesmo que aí está. Esse mundo é inatingido, desconhecido.


III – MORAL COMO CONTRANATUREZA

1.     Todos os antigos moralistas insistiram na necessidade de matar as paixões. A destruição dos desejos é um ato de estupidez.
2.     O cristianismo primitivo combateu “os inteligentes” para privilegiar os problemas de espírito. A prática da igreja é de castração. Atacar esses sentimentos é atacar a vida.
3.     A insensibilidade, a falta de reação frente a um estímulo é algo grave.

QUESTÕES SOBRE FRIEDRICH NIETZSCHE

1) (Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s) 
a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos eficientes para a compreensão e o norteamento da humanidade. 
b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao materialismo, à abordagem psicológica de artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo. 
c) compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título. 
d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer. 

2) (Ufsj 2012) O que motivou a crítica de Nietzsche à cultura ocidental a partir de Sócrates foi 
a) a atitude niilista de Sócrates de recusar a vida e optar por ingerir a letal dose de cicuta. 
b) a busca e aferição da verdade por meio de um método que Sócrates denominou de maiêutica. 
c) o fato de Sócrates ter negado a intuição criadora da filosofia anterior, pré-socrática. 
d) a total falta de vinculação da filosofia socrática aos preceitos básicos de uma lógica possível, o que o tornava obscuro.

3) O que se entende pelos seguintes conceitos nietzscheanos:

a) Nihilismo:







b) Vontade de Potência:








c) Übermensch:




Um comentário:

 

Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001