1.
OS
SÁBIOS HELENISTAS
Depois
da morte de Alexandre Magno em 323 antes de Cristo, como resultado de seu
domínio sobre os povos do Oriente, formou-se um tipo de cultura na antiguidade
que chamamos de helenismo. Segundo Battista Mondin, helenismo é a
“universalização da língua e da cultura grega, de sua expansão pelos países
orientais”, impulsionada pelo império de Alexandre.[1]
Depois de 322, inicia-se um período na história da filosofia chamado de
pós-aristotélico ou helenista.
A nova tendência dentro da filosofia
neste período helenista, que se estende até século III depois de Cristo, foi
marcada por discussões eminentemente éticas. Quatro movimentos filosóficos são notáveis
nesta época: o estoicismo, o epicurismo, o ceticismo, o ecletismo e o ceticismo.
Por ora, vamos nos deter nas duas principais éticas daquele tempo. São a ética
estóica e a ética epicurista. Estes movimentos transformaram a filosofia em
algo prático. Eles atraíram muitos adeptos porque compreendiam a filosofia como
arte de viver.[2]
Comecemos
pelo estoicismo. O iniciador do estoicismo foi Zenão de Cítio que viveu de 333 a
262 antes de Cristo. Esta escola filosófica teve várias fases e se estendeu do
século IV antes de Cristo até o III depois de Cristo. Esta escola influenciou
bastante a moral do cristianismo.
Segundo a ética estóica, o objetivo da
vida é a felicidade. Mas ninguém pode alcançá-la se não viver de acordo com a
natureza. Viver segundo a natureza é conformar-se com a necessidade. O homem e
a mulher para serem virtuosos eles devem ser governados pela razão. Eles devem
manter uma harmonia interna entre a razão e as emoções. Estas duas dimensões
humanas são extremas e opostas.
A
pessoa virtuosa deve superar as emoções, procurando ser indiferente às
contingências da vida e sem se preocupar com aquilo que não está sob seu poder.
Para o sábio estóico, uma noção importante para ser feliz é entender que
existem acontecimentos que dependem de nós e há aqueles que não dependem.
Portanto, dirija seu pensamento para aquilo que depende de você, evite se
apegar àquilo que está sujeito às mudanças. Epicteto dizia que devemos nos
comportar como se fôssemos um simples hóspede neste mundo.
A primeira lição do estoicismo que
vamos deixar aqui é apátheia.
Trata-se do desapego das coisas e dos acontecimentos. Isso se faz anulando
aquelas emoções que nos prendem ao que é passageiro. O filósofo Marco Aurélio
aconselhava “não permitas que te arrastem os acidentes exteriores”. A pré-noção
que temos delas nos aprisiona. Ainda nem aconteceu e já estamos sofrendo por
antecipação. A vida feliz depende do desapego e da harmonia interior. Deixe-se
ser guiado pela natureza, pela razão.
Textos:
MONDIN,
Battista. Curso de Filosofia. São
Paulo: Paulus, 1981.
REALE,
Giovanni; ANTISERI, Dario. História da
Filosofia. Antiguidade e Idade Média. Volume I. São Paulo: Paulus, 2003.
SHARPLES, R. W. Stoics, Epicureans and Sceptics: An
Introduction to Hellenistic Philosophy. London; New York: Routledge, 1996.
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