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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Introdução às éticas helenistas I


1.   OS SÁBIOS HELENISTAS



            Depois da morte de Alexandre Magno em 323 antes de Cristo, como resultado de seu domínio sobre os povos do Oriente, formou-se um tipo de cultura na antiguidade que chamamos de helenismo. Segundo Battista Mondin, helenismo é a “universalização da língua e da cultura grega, de sua expansão pelos países orientais”, impulsionada pelo império de Alexandre.[1] Depois de 322, inicia-se um período na história da filosofia chamado de pós-aristotélico ou helenista.
            A nova tendência dentro da filosofia neste período helenista, que se estende até século III depois de Cristo, foi marcada por discussões eminentemente éticas. Quatro movimentos filosóficos são notáveis nesta época: o estoicismo, o epicurismo, o ceticismo, o ecletismo e o ceticismo. Por ora, vamos nos deter nas duas principais éticas daquele tempo. São a ética estóica e a ética epicurista. Estes movimentos transformaram a filosofia em algo prático. Eles atraíram muitos adeptos porque compreendiam a filosofia como arte de viver.[2]
            Comecemos pelo estoicismo. O iniciador do estoicismo foi Zenão de Cítio que viveu de 333 a 262 antes de Cristo. Esta escola filosófica teve várias fases e se estendeu do século IV antes de Cristo até o III depois de Cristo. Esta escola influenciou bastante a moral do cristianismo.
            Segundo a ética estóica, o objetivo da vida é a felicidade. Mas ninguém pode alcançá-la se não viver de acordo com a natureza. Viver segundo a natureza é conformar-se com a necessidade. O homem e a mulher para serem virtuosos eles devem ser governados pela razão. Eles devem manter uma harmonia interna entre a razão e as emoções. Estas duas dimensões humanas são extremas e opostas.
            A pessoa virtuosa deve superar as emoções, procurando ser indiferente às contingências da vida e sem se preocupar com aquilo que não está sob seu poder. Para o sábio estóico, uma noção importante para ser feliz é entender que existem acontecimentos que dependem de nós e há aqueles que não dependem. Portanto, dirija seu pensamento para aquilo que depende de você, evite se apegar àquilo que está sujeito às mudanças. Epicteto dizia que devemos nos comportar como se fôssemos um simples hóspede neste mundo.
            A primeira lição do estoicismo que vamos deixar aqui é apátheia. Trata-se do desapego das coisas e dos acontecimentos. Isso se faz anulando aquelas emoções que nos prendem ao que é passageiro. O filósofo Marco Aurélio aconselhava “não permitas que te arrastem os acidentes exteriores”. A pré-noção que temos delas nos aprisiona. Ainda nem aconteceu e já estamos sofrendo por antecipação. A vida feliz depende do desapego e da harmonia interior. Deixe-se ser guiado pela natureza, pela razão.

Textos:

MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. São Paulo: Paulus, 1981.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Antiguidade e Idade Média. Volume I. São Paulo: Paulus, 2003.

SHARPLES, R. W. Stoics, Epicureans and Sceptics: An Introduction to Hellenistic Philosophy. London; New York: Routledge, 1996.



[1]MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. São Paulo: Paulus, 1981, p. 107.
[2] MONDIN, 1981, p. 108.

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Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001