Social Icons

sábado, 5 de setembro de 2015

A Cosmologia na Antiguidade Grega


A COSMOLOGIA DE PLATÃO

Uma das compreensões do universo na antiguidade.


A teoria cosmológica de Platão se encontra no diálogo “Timeu”. O texto foi escrito entre 366 e 347 a. C. Os personagens do texto são: Sócrates, Timeu, Crítias e Hermócrates. Timeu, o personagem principal, é fictício, apesar de algumas referências que seria um pitagórico natural de Lócrida.
O objetivo inicial de Platão era a partir da origem do universo atingir a descrição ontológica da gênese da natureza dos homens (o objetivo final, então, foi a descrição da alma). [B-19 C]. Portanto, pode-se entender o Timeu como uma continuação da República.
Platão elabora um modelo cosmológico baseado na descrição racional dos movimentos dos corpos celestes. A natureza é resultado de uma arquitetura premeditada do  Demiurgo. Os corpos celestes são esféricos e seus movimentos circulares e uniformes.
O trabalho pode ser dividido em três partes:
Ø  Recapitulação dos primeiros cinco livros da República (17A-20C)
Ø  Narração de Crítias do mito da Atlântida  (20C-25D)
Ø  Discurso cosmológico  de Timeu (27C-92E).
A introdução é puramente narrativa, enquanto Crítias toma a palavra, conta o mito de Atlântida. Segundo Crítias, nove mil anos antes da época de Sólon, Atenas era uma instituição semelhante à Atlântida descrita nos cinco primeiros livros da República. Os atenienses lutaram contra os habitantes dessa ilha, venceram-nos e tempos depois um maremoto afundou o lugar.

O discurso cosmológico do Timeu

O dicurso de Timeu envolve todo o campo do conhecimento da natureza, desde a astronomia até a patologia e a psicofísica. Pode ser subdividido em três partes: I) Os fundamentos teóricos e as ações do Demiurgo; II) O princípio material; III) a natureza do homem.
O ser que é sempre não é objeto do devir, mas inteligível. O devir provém da doxa, portanto, não é ser verdadeiramente. O mundo sensível, por ser como é, devém.Tudo que aparece é produto de uma causa, portanto, há um agente.
  A causalidade é obra do Demiurgo.  Pois esse  Artífice é a causa suprema, sua obra é o melhor efeito. O mundo sensível é cópia de um modelo eterno. A cópia sensível é um devir.
O Artífice tem dois modelos:  A) Eterno/inteligível; B) Gerado/imperfeito.
“Existe um ser puro que pode ser alcançado somente pela inteligência; o demiurgo usa esse modelo para gerar o mundo sensível e do devir.  Por consequência o mundo sensível resulta numa imagem de uma realidade metassensível realizada pelo Demiurgo” (Reale).
Há uma distinção entre a a causa eficiente do mundo, o Demiurgo, e a causa formal, o modelo que ele toma como referência (dualismo). A razão última da criação do Demiurgo é a bondade. O mundo nasce como fusão de terra e fogo. A fusão de dois meios proporcionais o ar e a água. O mundo foi modelado no formato de esfera e dotado de uma alma.
A alma do mundo é constituída por:  Um ser intermediário entre aquilo que sempre é e aquilo que vem a ser. Uma forma analogamente intermediária de identidade.Uma forma de dessemelhança. Portanto, seria uma forma derivada entre o temporal e o eterno.
O Demiurgo criou o tempo, “imagem em movimento da eternidade”,  e por consequência, corpos perceptíveis dotados de movimentos uniformes que servem como medida dele: O sol e os planetas. Os dotou de movimento de rotação e de revolução em torno de uma órbita.O nous descobriu a ideia de ser vivente e plasmou com fogo as estrelas-deusas.
Depois de criar os deuses, decidiu criar os homens dotando-os de almas imortais que encarnam neles.
Eudoxo (408-355), discípulo de Platão, criou um modelo geocêntrico para explicar o movimento dos planetas. Aristóteles completou seu trabalho.
Platão entende os planetas como manifestação da alma do mundo.
Trata-se de um esquema dos princípios de uma ciência geométrica da natureza.
Análise verossímil e provisória (48D).
Redução dos princípios que regulam a criação dos cosmos a ciência geométrica.
PRINCÍPIOS:
necessidade – causa errante
receptáculo
espacialidade
origem dos quatro elementos
Necessidade = casualidade, privação de finalidade e de ordem (47 E).
Receptáculo = realidade amorfa, plasmável de muitos modos segundo os modelos mediante os entes matemáticos (50 D).
Espacialidade (χώρα) = é postulada pela existência do receptáculo é sede da impressão à obra do Demiurgo.

O MODELO COSMOLÓGICO DE EDUDÓXIO DE CNIDO

Eudoxo de Cnido foi o primeiro filósofo a elaborar um modelo cosmológico de esferas celestes concêntricas. A Terra estava no centro desse modelo.
A sequência era Terra, lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e estrelas fixas. Cada planeta teria uma coleção de esferas imaginárias.
O movimento final dos planetas era determinado pela combinação do movimento das quatro esferas, duas internas e duas externas. Eudóxio não chegou a explicar se as esferas eram reais ou não, mas conseguiu impressionar por muito tempo com sua explicação.

A COSMOLOGIA DE ARISTÓTELES

A obra referência para o acesso à cosmologia de Aristóteles será “Sobre o céu” (340 a. C.). A cosmologia aristotélica ainda considera os quatro elementos como realidades físicas elementares. Essa cosmologia é, na verdade, uma metafísica do sensível.
A matéria tem quatro qualidades: Quente, frio, úmido e seco. E existem dois movimentos “natural” e “forçado”.  O movimento natural é sempre linear. Os corpos celestes têm seu movimento natural circular porque são feitos de outra matéria, o éter. Esses corpos são imutáveis, enquanto, o mundo da Terra é o reino do devir.
Aristóteles dividiu a realidade sensível em mundo sublunar e mundo supralunar.  A característica distintiva entre os dois é a existência da geração e da corrupção no mundo sublunar e a ausência delas no mundo supralunar.

A matéria do mundo sublunar são os quatro elementos.  A do mundo supralunar é o éter. Suas características são a incriabilidade e a incorruptibilidade. Além das estrelas fixas, Aristóteles situou uma esfera responsável por tudo no Universo, o Motor Imóvel. O Universo de Aristóteles é eterno e infinito. 


 

Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001