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terça-feira, 5 de setembro de 2017

Tipos de Conhecimento e Conhecimento direto


TIPOS DE CONHECIMENTO

Robert Audi


            O conhecimento pode ser explícito ou tácito. O conhecimento explícito é autoconsciente na medida em que o conhecedor está ciente do estado relevante do conhecimento, enquanto o conhecimento tácito é implícito, escondido da autoconsciência. Muito do nosso conhecimento é tácito: É genuíno, mas nós não somos conscientes dos estados relevantes do conhecimento mesmo que possamos alcançar a reflexão consciente. A este respeito, o conhecimento se assemelha a muitos dos nossos estados psicológicos. A existência de um estado psicológico em uma pessoa não exige a consciência da pessoa desse estado, embora possa exigir a consciência da pessoa de um objeto desse estado (como o que é sentido ou percebido).
            Os filósofos identificaram vários tipos de conhecimento: Por exemplo, conhecimento proposicional (que algo é assim), conhecimento não-proposicional de alguma coisa (por exemplo, conhecimento por familiaridade ou consciência direta), conhecimento proposicional empírico (a posteriori), conhecimento proposicional não-empírico (a priori), e conhecimento de como fazer algo (know how). Controvérsia filosófica surgiu sobre distinções entre esses tipos, por exemplo, sobre (i) as relações entre algumas desses tipos (por exemplo, o saber como pode ser reduzido ao conhecimento sobre o quê?) e (ii) a viabilidade de algumas desses tipos (por exemplo, existe realmente uma coisa, ou mesmo uma noção coerente de conhecimento a priori?). Uma preocupação fundamental da filosofia moderna clássica, nos séculos XVII e XVIII, foi a extensão do nosso conhecimento a priori relativo a extensão do nosso conhecimento a posteriori. Racionalistas como Descartes, Leibniz e Spinoza afirmaram que todo o conhecimento genuíno do mundo real é a priori, enquanto os empiristas como Locke, Berkeley e Hume argumentaram que todo conhecimento é a posteriori. Na Crítica de Razão Pura (1781), Kant procurou uma grande reconciliação, visando preservar as principais lições de racionalismo e empirismo.
Desde os séculos XVII e XVIII, o conhecimento a posteriori tem sido amplamente considerado como um conhecimento que depende para se sustentar de algumas experiências sensoriais ou perceptivas específicas; e um conhecimento a priori foi amplamente considerado como um conhecimento que não depende do seu suporte em tal experiência.
            Kant e outros consideraram que o suporte para o conhecimento a priori vem unicamente de processos puramente intelectuais chamados "razão pura" ou "entendimento puro". Conhecimento de verdades lógicas e matemáticas basicamente serve como um caso padrão de conhecimento a priori, enquanto conhecimento da existência ou presença de objetos físicos geralmente serve como padrão de conhecimento a posteriori. Uma tarefa importante para um relato do conhecimento a priori é a explicação do que são os processos intelectuais puramente relevantes, e de como eles contribuem para conhecimento não-empírico. Uma tarefa análoga para falar de um conhecimento a posteriori é a explicação de que experiência sensorial ou perceptual é e como contribui para o conhecimento empírico. Mais fundamentalmente, os epistemólogos procuraram uma formulação de conhecimento proposicional em geral, ou seja, uma conceituação do que é comum ao conhecimento a priori e a posteriori.
            Desde o Mênon e o Teeteto de Platão (c.400 a. C.), os epistemólogos tentaram identificar o essencial, definir componentes do conhecimento. Identificar esses componentes produzirá uma análise do conhecimento. Uma visão tradicional proeminente, sugerida por Platão e Kant entre outros, é que conhecimento proposicional (que algo é assim) tem três componentes necessários individualmente e em conjunto: justificação, verdade e crença. Nesta visão, o conhecimento proposicional é, por definição, crença verdadeira justificada. Esta é a tripartite definição que passou a ser chamada de análise padrão. Podemos esclarecê-lo atendendo brevemente para cada uma das suas três condições (Condição de crença, de verdade e de justificação).

(Tradução do texto de: AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 1999, pp. 273-274).



CONHECIMENTO DIRETO (KNOWLEDGE BY ACQUAINTANCE)

Robert Audi


            Conhecimento direto (knowledge by acquaintance) - Conhecimento de objetos por meio da consciência direta sobre eles. A noção de conhecimento por habilidade é principalmente associado a Russell (The Problems of Philosophy, 1912). Russell primeiro distingue o conhecimento de verdades do conhecimento das coisas. Ele, então, distingue dois tipos de conhecimento das coisas: Conhecimento por habilidade e conhecimento por descrição. O discurso ordinário sugere que nós conhecemos as pessoas e os físicos objetos em nossos ambientes imediatos. Na visão de Russell, no entanto, nosso contato com estas coisas são indiretas, sendo mediadas por nossa representações mentais delas. Ele sustenta que as únicas coisas que conhecemos pelo conhecimento direto são o conteúdo de nossas mentes, universais abstratos e, talvez, nós mesmos.
            Russell diz que o conhecimento por descrição é conhecimento indireto de objetos, nosso conhecimento sendo mediado por outros objetos e verdades. Ele sugere que conhecemos objetos externos, como mesas e outras pessoas, apenas por descrição (por exemplo, a causa da minha experiência atual). A discussão de Russell deste tópico é bastante intrigante. As considerações que o levam a dizer que não temos conhecimentos de objetos externos também o levam a dizer que, estritamente falando, falta para nós conhecimento de tais coisas. Isso parece corresponder à reivindicação que ele chamou de "conhecimento por descrição" não é, estritamente falando, um tipo de conhecimento em absoluto.
            Russell também afirma que toda proposta de a pessoa entende deve ser inteiramente composta dos elementos com os quais a pessoa está familiarizada. Isso o leva a propor análises de proposições em termos de objetos mentais com os quais estamos familiarizados.

(Tradução do texto de: AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 1999, p. 472).




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Textos traduzidos por José Aristides da Silva Gamito para fins didáticos. Caratinga, 04 de setembro de 2016. Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário/ITEOFIC.



 

Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001