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sábado, 22 de agosto de 2015

Cosmologia - Antiguidade

A cosmologia pré-socrática

            A Escola Jônica, assim chamada por ter florescido nas colônias jônicas da Ásia Menor, compreende os jônios antigos e os jônios posteriores ou juniores. A escola jônica, é também a primeira do período naturalista, preocupando-se os seus expoentes com achar a substância única, a causa, o princípio do mundo natural vário, múltiplo e mutável. Essa escola floresceu precisamente em Mileto, colônia grega do litoral da Ásia Menor, durante todo o VI século, até a destruição da cidade pelos persas no ano de 494 a.C., prolongando-se porém ainda pelo V século. Os jônicos julgaram encontrar a substância última das coisas em uma matéria única; e pensaram que nessa matéria fosse imanente uma força ativa, de cuja ação derivariam precisamente a variedade, a multiplicidade, a sucessão dos fenômenos na matéria una. Daí ser chamada esta doutrina hilozoísmo (matéria animada).
            Os jônios antigos consideram o Universo do ponto de vista estático, procurando determinar o elemento primordial, a matéria primitiva de que são compostos todos os seres. Os mais conhecidos são: Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto. Os jônios posteriores distinguem-se dos antigos não só por virem cronologicamente depois, senão principalmente por imprimirem outra orientação aos estudos cosmológicos, encarando o Universo no seu aspecto dinâmico, e procurando resolver o problema do movimento e da transformação dos corpos. Os mais conhecidos são: Heráclito de Éfeso, Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômenas.

A Cosmologia de Platão


            A cosmologia de Platão não é desenvolvida detalhadamente e é apresentado de uma forma não sistemática, uma mistura de mito com saber teórico matemático. O livro em que ele apresenta sua concepção cosmológica chama-se Timeu (latinizado para timaeus).
            O livro é, essencialmente, um diálogo em três partes; a primeira é uma introdução que contém um relato sobre o mito de Atlântida. É seguida pela “alma do mundo”, que contém a teoria dos quatro elementos, a da matéria propriamente dita e a dos objetos observados pelos sentidos; essa é, sem dúvida, a parte mais extensa do livro. Finalmente, há uma parte dedicada à fisiologia e uma discussão sobre a alma do homem, assim como sobre o seu corpo. Quanto  ao universo de Platão, ele é um lugar ordenado e racional, como o demonstram os movimentos regulares dos corpos celestes. A alma do Universo é comparável à do homem. Os planetas e as estrelas são as mais sublimes representações da realidade essencial; são exemplos das Idéias de platão e podem até ser Deuses. A matemática expressa os movimentos divinos das estrelas, que emitem uma música celestial ao se moverem; quando os homens morrem, é para suas estrelas nativas que suas almas regressarão.
            Fora do mundo não existiria nada  e sua superfície foi, por Deus arredondada e polida. No centro da esfera do universo ficaria a Terra, também esférica, sem alterar o equilíbrio simétrico do Universo, sem necessidade de ar ou qualquer outra coisa para sustentá-la.
          A esfera do Universo platônico gira uniformemente de Leste para oeste, no mesmo lugar, em torno do seu próprio eixo, que passa pelo centro da terra.
         As estrelas – representando seres eternos, divinos e imutáveis – moviam-se com velocidade uniforme em torno da terra, na mais perfeita e regular de todas as trajetórias, o círculo eterno.

A cosmologia de Aristóteles

            A Cosmologia aristotélica partia de dois princípios fundamentais. Primeiro, que o comportamento das coisas se devia a formas determinadas qualitativamente ou naturezas. Segundo, que a totalidade destas naturezas estava disposta para formar um conjunto, hierarquicamente organizado ou cosmos. Este cosmos ou universo possuía muitos traços comuns com o de Platão e dos astrônomos Eudoxo e Calipo, do século IV aC, que haviam ensinado que o cosmos era esférico e que possuía um certo número de esféricas concêntricas, sendo a mais externa a das estrelas fixas. A Terra estaria no centro.
Para Aristóteles, o cosmos era uma esfera vasta mas finita, com a Terra no centro e limitada pela esfera das estrelas fixas, que eram , também o Primeiro Motor, a fonte original de todos os movimentos do universo. Rodeando a Terra esférica, estavam distintas esferas, as 3 primeiras correspondendo aos elementos terrestres: água, ar e fogo. Rodeando a esfera do fogo, estavam as esferas cristalinas, nas quais estavam inseridas, e por elas eram transportados a Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter e Saturno, os sete planetas. Depois, a esfera das estrelas fixas e depois dela, nada.
Deste modocada tipo de corpo ou substância possuía seu lugar natural e um movimento natural em relação a este lugar. O centro da Terra , centro do universo, era o referenciai deste movimento. A esfera lunar dividia o universo em duas regiões distintas, a terrestre e a celeste. Na primeira, os corpos estavam sujeitos a 4 tipos de movimentos e seu movimento natural era retilíneo, em direção a seu lugar natural, onde podia ficar em repouso. Por isso, o fogo, cujo lugar natural era o alto, parece leve; e a terra, cujo lugar
natural é abaixo, nos parece pesada. Os corpos celestes eram formados de um quinto elemento ou quintaessência, incorruptível, dotado do movimento circular uniforme,um movimento eterno.

PROPOSTA DE ATIVIDADES:


a)    Leitura de Gênesis 1.
b)    Leitura do diálogo Timeu.
c)    Leitura da obra Sobre o Céu.

Cosmologia - Origem e desafios

A FILOSOFIA SE INICIA COM A COSMOLOGIA

            Com o surgimento da filosofia (séc. VI a.C.) os primeiros filósofos buscaram na natureza o princípio de todas as coisas, a arché. Para Tales, por exemplo, a água ou o úmido é o princípio de todo o universo: tudo que existe é feito de água.
            Ela, “transforma-se a si mesma em todas as coisas e transforma todas as coisas nela mesma” (CHAUÍ, 2002, p. 57). Portanto, desde os homens aos seres inanimados, tudo é água. Após Tales muitos outros filósofos tentaram encontrar esse elemento primordial que deu origem a tudo.
            Posteriormente, na idade média, com a elaboração dos grandes sistemas filosóficos e teológicos, constrói-se uma visão em que Deus, numa perspectiva judaico-cristão, é concebido como criador e organizador de todas as coisas.

Modelos cosmológicos predominantes: Aproximações e choques

            O papa Francisco fez declarações sobre a ciência durante inauguração de busto em homenagem ao Papa Emérito Bento XVI (em 2014).  Na ocasião afirmou: "O Big Bang não contradiz a intervenção criadora, mas a exige“ e "evolução da natureza não é incompatível com a noção de criação, pois exige a criação de seres que evoluem". Apesar de parecer simples conciliar fé e religião há milhares de pessoas que não aprovam essas declarações.
                        O problema cosmológico está muito presente no cotidiano das pessoas através do criacionismo. A doutrina da criação está presente nos monoteísmos e eles são predominantes no ocidente.

A doutrina da criação

            Eis a ordem básica da narrativa da criação, em Gênesis 1: primeiro, Deus cria a luz (1,3-5), depois o firmamento (o céu, 1,6-8) e faz surgir das águas a terra e crescer as plantas (1,9-13); mas o processo é interrompido, porque Deus cria os astros (1,14-19). Na seqüência, cria os seres vivos: peixes, pássaros, animais e seres humanos (1,20-31). Tudo numa semana.
            Em Gênesis 2, porém, o universo, antes da intervenção divina, é um deserto sem água. Em Gênesis 1 só água; aqui, sem água. Ainda não chovera e apenas um "fluxo" irrigava a terra (2,6 - há muita discussão ainda sobre este texto e o significado da palavra 'ed). O Senhor forma o primeiro ser humano e planta um jardim, verdadeiro oásis numa estepe desértica. Essa imagem da criação reflete a realidade climática e geográfica da Palestina.

A teoria do Big Bang

            A teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado estadunidense, George Gamow (1904-1968) e o padre e astrônomo belga Georges Lemaître (1894-1966). Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. O termo explosão refere-se a uma grande liberação de energia, criando o espaço-tempo.
            Até então, havia uma mistura de partículas subatômicas (quarks, elétrons, neutrinos e suas partículas) que se moviam em todos os sentidos com velocidades próximas à da luz. As primeiras partículas pesadas, prótons e nêutrons, associaram-se para formarem os núcleos de átomos leves, como hidrogênio, hélio e lítio, que estão entre os principais elementos químicos do universo.
            Ao expandir-se, o universo também se resfriou, passando da cor violeta à amarela, depois laranja e vermelha. Cerca de 1 milhão de anos após o instante inicial, a matéria e a radiação luminosa se separaram e o Universo tornou-se transparente: com a união dos elétrons aos núcleos atômicos, a luz pode caminhar livremente. Cerca de 1 bilhão de anos depois do Big Bang, os elementos químicos começaram a se unir dando origem às galáxias.

PROPOSTA DE ATIVIDADES:

a)    Leitura do verbete cosmologia no dicionário.
b)    Seminário sobre a recepção do doutrina da criação e o big bang.
c)    Análise das cosmogonias (mitos de criação).
d)    Exposição sobre o período cosmológico.
e)    A cosmologia de Platão e de Aristóteles.

Referências

GLEISER, Marcelo. A Dança do Universo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
HAWKING, Stephen W. Breve História do Tempo: Do Big Bang aos Buracos Negros. Lisboa: Gradiva, 1994.
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.


Filosofia da Natureza - Cosmologia

COSMOLOGIA FILOSÓFICA
José Aristides da Silva Gamito[1]

Introdução

            A cosmologia ou filosofia da natureza refere-se ao estudo do universo, sua origem, evolução, estrutura e futuro. A cosmologia surgiu como a parte da filosofia que estuda a estrutura, a evolução e composição do universo, sendo a primeira expressão filosófica apresentada no Período pré-socrático ou cosmológico. 
            Pode-se afirmar que a natureza é a problemática que deu origem à Filosofia. Basta lembrar que a physis (natureza) é o grande tema dos filósofos pré-socráticos. A investigação que inicia pela busca da arché, do princípio de todas as coisas, leva à cosmologia platônica e à metafísica aristotélica, lançando os alicerces de modo de abordar a realidade que ainda pode ser encontrado entre os fundamentos de nossa civilização.

Definição etimológica de cosmologia

            Segundo Japiassú, cosmologia é definida como:

Cosmologia. Do grego kosmos, mundo, e logos, ciência, teoria.  Conjunto das teorias científicas que tratam das leis ou das propriedades da matéria em geral ou do universo. Toda cosmologia supõe a possibilidade de um conhecimento do mundo como sistema e de sua expressão num discurso. Por isso, a imagem do sistema do mundo é determinante para toda filosofia que se pretende sistemática. O postulado de uma totalização do mundo, pelo saber, revela-se indispensável a uma eventual totalização do próprio saber.[2]

            Cosmologia é o conjunto das teorias científicas que tratam das leis ou das propriedades da matéria em geral ou do universo. Toda cosmologia supõe a possibilidade de um conhecimento do mundo como sistema e de sua expressão num discurso. Por isso, a imagem do sis
tema do mundo é determinante para toda filosofia que se pretende sistemática. O postulado de uma totalização do mundo, pelo saber, revela-se indispensável a uma eventual totalização do próprio saber.
            Cosmologia difere-se de Cosmogonia (gr. kosmogonia: criação do mundo) Teoria sobre a origem do*universo, geralmente fundada em lendas ou em *mitos e ligada a uma metafísica. Em sua origem, designa toda explicação da formação do universo e dos objetos celestes. Atualmente, designa as explicações de caráter mítico. Ex.: as cosmogonias pré-socráticas de Tales de Mileto, Anaximandro, Empédocles etc.
           
As características fundamentais da cosmologia
            A cosmologia tenta responder uma das principais indagações do ser humano: A pergunta sobre a origem de tudo. As cosmogonias ou mitos de criação respondem a essa questão por meio de mitos e fábulas. A cosmogonia dos primeiros filósofos por meio de conjecturas. E por fim, a cosmologia científica por cálculos matemáticos e observação do universo por meio de telescópios. O domínio da física e da química foram também decisivas para esse aperfeiçoamento da cosmologia.



[1] Bacharel e licenciado em filosofia, especialista em docência do Ensino Superior, atualmente Secretário Municipal de Educação, em Conceição de Ipanema – MG.
[2] JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
 

Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001