IV
- A PREOCUPAÇÃO COM O CONHECIMENTO NA ORIGEM DA FILOSOFIA
Crédito: www.universitarianweb.com |
Os primeiros
filósofos não tinham uma preocupação com o conhecimento enquanto tal, mas
Heráclito, Parmênides e Demócrito já demonstram certa preocupação. Com a idéia do devir, Heráclito afirma que não
há como conhecer aquilo muda constantemente.
Na obra de Platão, Sócrates extrai de Teeteto
três definições de episteme que não são mantidas: (1) a episteme como
sensação (aisthesis); (2) a episteme como opinião verdadeira (alethes
doxa); e, (3) a episteme como opinião verdadeira acompanhada da
explicação racional ou logos (alethes doxa meta logou).
A obra
Teeteto foi criada em
369/368 a. C. É um diálogo com
diferentes interlocutores. A temática é o conhecimento. No diálogo Sócrates a
definição de conhecimento como sensação, atacando a tese proposta por Teeteto
com base nas ideias de Protágoras.
Primeiro é
apresentada uma tese empirista, mostrando que o conhecimento é produzido
através dos sentidos e da memória. A
informação é recebida através dos sentidos que são impressões, sensação e tudo
que é captado pelos cinco sentidos. A informação é processada pela memória, das lembranças e
das experiências são organizadas pela razão. Esta tem o papel de mera
organizadora dos dados dos sentidos.
Outra tese apresentada é o
racionalismo. A verdade é conhecida através da razão. Os instrumentos básicos
para tal operação mental são a dedução e a indução. Porém, existe uma realidade
autônoma e independente do sujeito.
No diálogo, Platão fica impactado com a
posição de Heráclito. Se tudo muda constantemente, como se dará o conhecimento?
O conhecimento é determinado pela realidade, se ela é instável, o conhecimento
se torna impossível.
Platão estabelece que existe o real e o
aparente. A aparência é o fenômeno do
mundo sensível que é conhecido através dos sentidos. Se a realidade é mutável,
no sentido heraclitiano, Platão se questiona se o conhecimento está em constante
mudança ou o que percebemos é ilusório.
Platão analisa também a posição de
Protágoras. Nesta perspectiva o conhecimento se amolda a cada indivíduo e a
verdade passa a depender de cada sujeito. O autor do diálogo rejeita a ideia da
perpétua mudança do real afirmando que deve existir algo estável que sustente o
movimento constante das coisas.
Se perceber é conhecer não haveria
distinção entre sonho e vigília. Seria difícil distinguir os dois estados.
Assim o internalismo seria tão extremo que a verdade seria somente do
sujeito. A única certeza são os estados
mentais, só se teria certeza sobre a própria existência.
Para Platão, o conhecimento tem de ser
objetivo, externo ao indivíduo, universal. Esta objetividade provém do mundo
inteligível. O eidos é o conhecimento puro que é acessível somente através da
razão. O eidos é o único que podemos a doxa (opinião) e a pistis (crença) são
produtos dos sentidos.
Leituras propostas:
CHAUÍ,
Marilena. Convite à Filosofia. Capítulo 1 – A Preocupação com o
Conhecimento, p. 137 – 142.
ARANHA, Maria
Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução
à Filosofia. Unidade II – O
conhecimento, p. 20.
Estrutura
do Teeteto. Disponível em:
http://filoparanavai.blogspot.com.br/2010/05/teeteto-estrutura-geral-da-obra-teeteto.html