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sábado, 31 de outubro de 2015

Da Revolução Copernicana ao Big Bang

A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA[1]

I.    UM EVENTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA

            O nascimento da ciência possui uma centralidade histórica porque modifica radicalmente o que vem depois. Esse fenômeno é conhecido como Revolução Científica e ele é marcado pela publicação da obra de Nicolau Copérnico “As Revoluções dos Corpos Celestes” (1543) e da obra de Isaac Newton “Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural” (1687).
            A partir da Revolução Científica e do método de Galileu, temos seguintes conceitos: a) Concepção da natureza como ordem objetiva e casualmente estruturada por relações governadas por leis; b) Concepção da ciência como saber experimental – matemático e intersubjetivamente válido, tendo como objetivo o conhecimento do mundo e seu domínio por parte do homem.
            A natureza passa a ser vista pela ciência uma ordem com essas características seguintes: Objetividade, causalidade, relação, regida por leis.
            A ciência tem, por sua vez, as seguintes características:
Ø  Experimental: Fundamenta-se em hipóteses demonstradas empiricamente.
Ø  Matemática: Baseia-se no cálculo e na medida, é através da matemática que se representa a objetividade do saber científico.
Ø  Intersubjetiva: Seus conhecimentos precisam ser abertos e compreensíveis por todos. Distingue-se fundamentalmente da magia.
Ø  Finalidade de conhecer objetivamente o mundo: Pelo conhecimento das leis da natureza o homem pode vir a dominá-la.

A ciência moderna e a técnica

            A ciência moderna se revela durante um período de transformações sociais e econômicas. A formação dos estados leva a um ritmo de vida que gera outras necessidades.  O espírito empreendedor determina uma busca por objetos mais técnicos, permitindo ao homem melhor domínio da natureza.
            A busca por técnica leva os artesãos a se prepararem para resolver problemas e estes recorrem aos cientistas sob aspecto físico-matemático. Por sua vez, os cientistas consultam os artesãos. Desse modo supera-se a distinção e a distância entre saber teórico e saber prático. Isso acontece mais precisamente no século XV.

A ciência e o Renascimento

            A ciência nasce tendo suas bases no pensamento tardo-medieval marcado pelas pesquisas naturalistas e pelas ideias renascentistas. O Renascimento:
Ø  Reivindicava a autonomia da pesquisa intelectual e a laicização do saber.
Ø  Era próprio de um naturalismo baseado na revalorização da natureza e do homem. Nesse sentido há três direções:
a)    Aristotelismo renascentista: Defendia a razão indagadora e elaborava um conceito de ordem natural e imutável.
b)    Filosofia natural: Estabelece uma igualdade entre aquilo que a natureza mostra e aquilo que os sentidos percebem. A natureza não é explicável com princípios estranhos a ela.
c)    Magia: Contribui com difusão da idéia do homem como senhor da natureza.
Ø A redescoberta de textos antigos e o conhecimento de velhas teorias impulsionaram à busca de novas ideias.
Ø O Renascimento apresenta a idéia de que a natureza seja escrita em termos geométricos.
            Para a ciência nascer não necessitou somente de um fundo histórico e cultural propício, mas também de homens capazes e criativos e que chegaram a dar a vida pela ciência. Os cientistas não formavam uma categoria própria, alguns eram movidos por motivos práticos e outros por simplesmente se interessar pelo conhecimento.

As forças contrárias à nova ciência

Antes de se afirmar a nova ciência se deparou com algumas forças contrárias como:
a)    Cultura tradicional: Esta se sentia ameaçada pela ciência que punha em crise antigas certezas, introduzindo um novo modo de pensar e de pesquisar rompendo com dogmas do passado.
b)    Religião: Essa temia não somente que se colocasse em cheque a autoridade de Aristóteles, mas também a Bíblia. Essa pesquisa livre abriria caminhos para mudanças.
c)    Magia e astrologia: Eram ameaçadas porque a ciência era apresentada como um saber útil ao homem e aberto a todo, enquanto a magia era para poucos.

As conseqüências do nascimento da ciência

            Nos anos subseqüentes a ciência foi vista como um saber universal, capaz de melhor as condições humanas pela sua praticidade e utilidade. Para os iluministas foi arma a ignorância e a superstição.

II.   RELEVÂNCIA E CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO COPERNICANA

            A revolução astronômica dá início à revolução científica, dando novo valor a todo o cosmo. O processo inicia com Copérnico, continua com Galileu, Kepler, Giordano Bruno, percorrendo um longo caminho até chegar ao conhecimento que temos hoje do universo.
            O Universo dos antigos e dos medievais seguia o modelo aristotélico-ptolomaico, que tinha as seguintes características: Único – era pensado como o único universo existente; fechado – era imaginado como uma esfera limitada, além do qual não havia mais nada; finito – para Aristóteles o universo infinito era só uma idéia; e formado de esferas perfeitas.
            Eram bases desse conhecimento Aristóteles, a Bíblia e a experiência dos sentidos (percebendo o Sol girando em torno da Terra).

Do geocentrismo ao heliocentrismo

            Nicolau Copérnico (1473-1543) dá impulso à Revolução Científica com insatisfação com a complexidade do sistema de Ptolomeu. Ele procurou em textos antigos gregos uma solução alternativa e encontrou um modelo heliocêntrico. Copérnico adotou um modelo no qual o Sol estava no centro do universo, com todos os planetas girando em torno dele.
            Na obra “As Revoluções dos Corpos Celestes”, publicada em 1543, Copérnico apresentou as seguintes ideias:
1.    A Terra e os planetas giram em torno do Sol em órbitas circulares;
2.    O dia e a noite são resultado da rotação da Terra em torno de seu eixo;
3.    Mercúrio e Vênus estão mais próximos do Sol do que a Terra.
            Essas ideias novas ainda conviviam com antigos conceitos as esferas perfeitas e o movimento circular uniforme. O novo sistema foi apresentado como uma hipótese. E muitas questões de cunho aristotélico o desafiavam como: Se a Terra gira por que os objetos não movem? Por que não provoca um vento forte derrubando tudo? Se a Terra se move para um lado por que os objetos caem direto no chão?  Galileu procurou responder essas questões.

Tycho Brahe: O terceiro sistema do mundo

            Tyge Ottesen Brahe (1546-1601) foi um astrônomo dinamarquês. Ele deu continuidade ao trabalho de Copérnico. Realizou observações da posição dos planetas e das estrelas com precisão. Organizou um observatório em Praga e teve Johannes Kepler como assistente.
            Ele idealizou um sistema que vinha de encontro a dois precedentes e não contrariava as Escrituras. Afirmou que a Terra girava em torno do Sol, mas que esse, por sua vez, voltava em torno da Terra (permanecendo o centro do Universo). Mas sua maior inovação foi substituir as esferas perfeitas por órbitas para descrever o movimento dos planetas.

Kepler: O estudo das órbitas dos planetas

            Johannes Kepler (1571-1639), astrônomo alemão, foi assistente de Brahe, e inicialmente via o universo como uma manifestação divina: O Sol ao centro representava Deus e os vários planetas eram dispostos harmonicamente. Mas em seguida se concentrou sobre o estudo das órbitas dos planetas. Formulou três leis sobre o movimento dos planetas:
1.     Os planetas descrevem órbitas elípticas das quais o Sol ocupa um dos focos;
2.     As áreas que ligam os planetas ao Sol são proporcionais ao tempo para traçá-las;
3.     Os quadrados dos tempos empregados pelos planetas para percorrer suas órbitas estão entre eles como os cubos dados pelo eixo maior da elipse.

A abertura e a infinidade do Universo


            Os primeiros a terem um a idéia do Universo infinito foram os gregos, mas a idéia de Aristóteles prevaleceu toda da Idade Média. O primeiro a contestar o fechamento do Universo foi Nicolau de Cusa.  Mas quem avançou de fato nessa idéia foi Giordano Bruno. Ele chegou a sustentar a existência de inúmeros sistemas planetários.

III. A FÍSICA NEWTONIANA

     Isaac Newton publicou em 1687 “Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural” descreve as leis da gravitação universal e através de suas leis do movimento lança as bases da mecânica clássica.
     Ele foi o primeiro a demonstrar que as leis da natureza governam o movimento da Terra e dos astros. Ele formulou três leis:
1ª – Lei da Inércia: Todo corpo continua em repouso ou em movimento até que uma força aja sobre ele.
2ª – Princípio Fundamental da Dinâmica: A mudança de movimento é proporcional à força motora.
3ª – Princípio de Ação e de Reação: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade.

O BIG BANG E A ORIGEM DO UNIVERSO

            Em 1927, George Lemaître propôs que os desvios espectrais observados em nebulosas se desviam à expansão do Universo. Em 1929, Edwin Hubble observou que as galáxias estão se afastando a uma velocidade proporcional às suas distâncias.

O Universo está em expansão

            A partir da Lei de Hubble pode ser afirmar que o Universo está em expansão e isso quer dizer que já foi menor do que é no passado. Lemaître afirma que o Universo teve uma origem e sua idade poderia ser estimada em torno de dois bilhões de anos.
            Em grande escala, as galáxias estão se afastando a uma velocidade proporcional à distância. Todas elas se afastam, não há um centro de expansão. O espaço-tempo está se expandindo e levando as galáxias consigo.
            Os redshift[2] cosmológicos não são causados pelo efeito Doppler, mas pela expansão do espaço. E também não são as massas no Universo que se expandem.
            Conhecendo a taxa de expansão podemos estimar o tempo que foi necessário para que as galáxias atingissem a distância atual.

Teoria do Big Bang

            O Universo surgiu a 13,7 bilhões de anos a partir de um estado inicial de temperatura e densidade. A explosão se deu a partir da compressão de energia. À medida que o Universo foi se expandindo a temperatura média foi caindo. Os primeiros elementos a se formarem foram o hidrogênio e o hélio. As galáxias se formaram a partir de bolsões de gás.

A emissão da radiação cósmica de fundo
            A radiação fóssil predita pela Teoria do Big Bang foi descoberta em 1965 por Wilson e Penzias. Altamente isotrópica e a intensidade é quase perfeitamente constante em todas as direções.

___________
NICOLAU COPÉRNICO. De Revolutiónibus Órbium Celéstium. Traduzido do texto italiano (Turim, 1979)

Capítulo I – Porque o mundo é esférico

            Primeiramente devemos notar que o mundo é esférico, seja porque esta é a forma mais perfeita, sem necessidade de medida, mas toda compacta em si. Seja porque a esfera, de todas as figuras, é a mais capaz de ser em grau de conter e reter todas as coisas, seja também porque todas as partes separadas do mundo (ou seja, o Sol, a Lua e as estrelas) aparentam dessa forma. Ou seja porque todas as coisas tendem a limitarem-se desse modo, assim como vemos que acontece nas gotas d’águas e nos outros corpos líquidos, quando tendem a limitar-se por si mesmos. Então, ninguém poderá negar que possa atribuir tal forma aos corpos celestes.

Capítulo II – Porque a Terra é esférica

            A Terra também é esférica, porque todas as suas partes apóiam sobre o centro. Contanto sua esfericidade não se nota imediatamente, dada a altura das montanhas e a profundidade dos vales, esses modificando a esfericidade da Terra, assim a manifestam. Por isso de qualquer parte vão até o norte, qual vértice da revolução diurna pouco a pouco se levanta, enquanto outro abaixa.

Capítulo IV – Porque o movimento dos corpos celestes é uniforme e circular perpétuo ou o composto dos movimentos circulares

            Dito isso, recordaremos que o movimento dos corpos celestes é circular. A mobilidade da esfera, de fato, no giro em círculo: Com este mesmo ato, enquanto move, passando por si mesma, essa exprime a sua forma no corpo mais simples, no qual não é possível encontra nem fim, nem distinguir um do outro. Mas em dependência da multiplicidade de esferas há muitos movimentos. A mais conhecida é a revolução cotidiana que os gregos chamaram nucqÞmhron, isto é, o espaço de tempo do dia e da noite. Com essa revolução defende-se que todo mundo, com exceção da Terra, movimenta do Oriente ao Ocidente. Esta revolução é considerada uma medida comum de todos os movimentos, porque o mesmo tempo nós o medimos sobretudo segundo o número de dias.





[1] Tradução e adaptação do texto “Rivoluzione Scientifica”, Noemi Monni e Mattia Lai, IV F, A.S. 2009/10, Lieo Brotzu, Quartu. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/72521897/Rivoluzione-Scientifica-riassunto.
[2] Se o emissor (fonte de luz) se afasta do receptor observador, o intervalo de tempo que este mede entre duas cristas consecutivas aumenta, observando um desvio para a gama de cores de mais baixa freqüência (desvio para o vermelho no espectro) – Efeito Doppler.

Cosmologia: Geocentrismo

MÓDULO II - O PTOLOMEU E O GEOCENTRISMO

            Ptolomeu viveu em Alexandria (Egito) de 90 a 162 d. C, foi fortemente influenciado pelas ideias de Hiparco de Niceia. A sua contribuição para a história de astronomia foi o fato de ter desenvolvido um sistema geométrico-matemático para explica o cosmo a partir do modelo aristotélico.

A Almagesto

            O Almagesto ou Sintaxis do Tratado de Matemática foi escrito entre os anos 138 d. C. a 161 d. C. (Século II)  pelo astrônomo Cláudio Ptolomeu e foi organizado em 13 livros. Interessa-nos analisar o Livro I intitulado de ‘Natureza do Universo’. Nele encontraremos as bases do geocentrismo.

A estrutura do Almagesto

Ø  Prefácio e Introdução
Ø  Livro I - Natureza do universo. Teoria trigonométrica
Ø  Livro II - Aspectos da Astronomia Esférica. Latitudes terrestres
Ø  Livro III – Teoria do Sol
Ø  Livro IV - Teoria da Lua
Ø  Livro V - Teoria Avançada da Lua. Paralaxe Solar e Lunar
Ø  Livro VI - Teoria de Eclipses
Ø  Livro VII - Tratado de estrelas fixas. Catálogo do Hemisfério Norte
Ø  Livro VIII - Catálogo do Hemisfério Sul. Construção de um Globo
Ø  Livro IX - Hipótese dos Planetas. Longitudes de Mercúrio
Ø  Livro X - Longitudes de Vênus e Marte
Ø  LIVRO XI - Longitudes de Júpiter e Saturno
Ø  LIVRO XII - Movimentos retrógrados e alongamentos  de Vênus e Mercúrio
Ø  LIVRO XIII - Latitudes planetárias e outros fenômenos (fases)
Ø  Apêndice - Exemplos Práticos

Livro I – O Sistema Geocêntrico

            Ptolomeu apresenta seu programa de estudos: A constituição do mundo habitado, o movimento do sol e da lua, a teoria das estrelas e os cinco planetas. Ele promete prova suas teorias através do método geométrico. Afirmações gerais: O céu é esférico, a Terra é esférica e não se move.

I.    Os céus se movem como esferas

            Os antigos observavam que os céus se moviam em torno da Terra em períodos fixos.  As estrelas mais próximas têm círculos menores. Aquelas mais distantes ficavam mais tempo invisíveis.
            Os movimentos são circulares porque os astros retornam ao ponto de partida, ao contrário desapareceriam no infinito.
            Deduz-se que o éter é esférico. Os corpos celestes conseqüentemente são esféricos. A Terra é sensivelmente esférica visto que os astros se põem em momentos diferentes para observadores que estão a leste ou a oeste.
            A hora registrada pelos observadores que estão mais a leste é sempre mais tardia que a registrada pelos que estão mais a oeste. As diferenças em horas são proporcionais às distâncias. A curvatura da superfície da água é também prova de que a Terra é curva.


II. A Terra se encontra no centro dos céus

            Se a Terra fosse uma esfera reta não ocorreria o equinócio. Se fosse uma esfera oblíqua também não ocorreria o fenômeno visto que não haveria divisão do horizonte em duas partes.
            Se a Terra não tivesse no meio do céu não se observaria a sombra em linha reta quando o sol está sobre o equador. Portanto, a Terra está no centro do céu.

III. A Terra é imóvel

            A Terra não realiza nenhum movimento. Ela ocupa um lugar central no universo e todos objetos tendem a repouso nesse ponto (Cap. 7, Livro I).
            O céu é feito de éter, portanto é esferiforme e incorruptível.

Os movimentos dos corpos celestes

            Há dois movimentos primários diferentes nos céus.
Ø  1º - Movimento de leste a oeste: Um movimento uniforme, inalterável ao longo de círculos paralelos. O maior deles é o equador – origem dos equinócios.
Ø  2º - Movimento nos polos opostos: O movimento das estrelas oposto ao primeiro.
            Os planetas possuem movimentos especiais, desviam seus movimentos de leste-oeste para o norte e para o sul. “Este movimento diferente em sua totalidade toma lugar ao redor dos polos do círculo inclinado que definimos na direção oposta ao primeiro movimento”.


MÓDULO III - A COSMOLOGIA NA IDADE MÉDIA

A hegemonia do geocentrismo

            O geocentrismo foi o modelo cosmológico predominante durante toda a Idade Média.
            Marciano Capella (365-440), escritor romano e advogado, apresentou um sistema planetário no qual Mercúrio e Vênus giravam em torno do Sol, a teoria geo-heliocêntrica de Heráclides do Ponto. Redigiu uma enciclopédia em 9 livros com o título de “Sobre as Núpcias de Mercúrio e da Filologia”. Essa se tornou a obra de astronomia mais completa até o século XII.
            No livro VIII da obra, Capella trata dos escritos de Eratóstenes, Ptolomeu e Hiparco.

Isidoro de Sevilha e a astrologia naturalis

            Poucos estudiosos medievais trouxeram novidades no campo da astronomia. Isidoro de Sevilha (560-636) na sua obra Etimologia tem o mérito de ter apresentado uma síntese da astronomia clássica. Por causa da condenação cristã da astrologia, ela a chamou de astrologia naturalis, distinguindo-a da astrologia superstitiosa.
            A obra Etimologias foi escrita entre 612 e 621 e foi dedicada ao rei Sisebuto. No Livro III de sua obra denominado “Sobre a Matemática”, Isidoro trata da astronomia.  O assunto é retomado também no Livro XIII intitulado de “Sobre o Mundo e suas Partes”.
            Porém, a obra trata de uma descrição do Universo alegorizada, ou seja, a constituição da natureza é uma figura da fé cristã.

Os astrônomos árabes

            Os astrônomos árabes influenciaram a Europa medieval. Após a queda do Império Romano Ocidental, a herança intelectual grega chegou primeiro ao Oriente Médio e ao Extremo Oriente.
            Os árabes se interessaram pelos estudos gregos de matemática, astronomia, traduziram duas obras.
            A obra Almagesto foi introduzida na Europa através dos árabes. A obra traduzida para o latim em 1272. A Espanha foi a portada de entrada. Azarquiel elaborou uma lista de estrelas que ficou conhecida como Tabela Toledana. Mais tarde, elas foram substituídas pela Tabela Alfonsina.

Principais astrônomos árabes

            Al-Batani (858-929) nasceu na atual Turquia.  Em seus trabalhos de astronomia determinou a duração precisa do ano sola (365 dias, 5 horas, 46’, 24’’).
            Al-Sufi (903-986) de origem persa. Escreveu a obra “O Livro das Estrelas Fixas” e corrigiu dados de algumas estrelas descritas por Ptolomeu.
            Al-Farghani (903-986) nasceu no atual Usbequistão.  Escreveu o livro “Elementos deAstronomia”, mediu o diâmetro da Terra e descreveu o movimento dos planetas.
Os árabes foram responsáveis por despertar na Europa o interesse pela astronomia abrindo assim caminhos para se pensar no heliocentrismo.

Antecedentes de uma Revolução Científica

            Roger Bacon (1214-1294): Foi um filósofo inglês que deu ênfase ao empirismo e ao uso da matemática nas ciências naturais. Emprego do método observação – hipótese – experimentação. Conceito de leis da natureza. Escreveu Spéculum Astronomiae.
            Guilherme de Ockham (1280-1349) – Defendeu que o objeto da ciência é constituído pelo objeto individual.  A realidade inteira é individual, o universal não é real.
            No Renascimento houve o florescimento de um naturalismo. Procurava-se explicar a natureza mediante princípios universais.
            Bernardino Telésio (1509-1588) representa uma sistematização do naturalismo da Renascença: a saber, uma tentativa para explicar a natureza mediante os princípios universais imanentes à mesma natureza.

Os estudos cosmológicos do século XV

            No século XV, Johannes Müller conhecido como Regiomontano fez novas medidas e observações astronômicas. Reativou o estudo da astronomia na Renascença. Foi um famoso matemático e escreveu uma importante obra sobre trigonometria em 1464, a “De Triángulis Omnímodis”. Segundo ele a trigonometria é um conhecimento indispensável para a astronomia.
            Juntamente com Bernhard Walther observou o cometa de 1472. E tentou estimar a sua distância da Terra usando um ângulo de paralaxe. Regiomontano  criou um centro para estudos de astronomia em Nuremberg. 
            Nicolau de Cusa (1401-1464) afirmou que a Terra não poderia ser imóvel e o Universo não poderia ser finito.  Segundo o mundo é a imagem de Deus, sendo Deus infinito o mundo também o é.
            A obra de Nicolau intitula-se de “Da douta ignorância”. O conhecimento das coisas finitas por comparação ou relação pode ser fácil ou difícil, mas é possível.
            Porém, quando se trata de coisas infinitas é difícil conhecer porque a elas escapam a toda proporção. O conceito de douta ignorância é justamente essa consciência dessa desproporção na busca da verdade.
            O caminho indicado pelo Cusano para conhecer o infinito é a busca por aproximação visto que no infinito ocorre a coincidentia oppositorum.
            Em Deus, infinito, coincidem todas as distinções que nas criaturas se apresentam como opostas. Deus é a coincidência do máximo e do mínimo.






 

Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001