PROBLEMA
DO CONHECIMENTO NA QUESTÃO 84 DA SUMMA
THEOLOGIAE
Crédito: www.theophilogue.com. |
A – EXPOSIÇÃO DAS
IDEIAS DO TEXTO DA QUESTÃO 84[1]
1. O conhecimento dos objetos pela
mente
Conhecimento dos corpos pelo intelecto: a)
DIONÍSIO – O intelecto não pode conhecer os corpos. B) HERÁCLITO – o fluxo do
real impede o conhecimento. C) PLATÃO: A alma não intelige as coisas sensíveis,
só as ideias.
A alma conhece os corpos por espécies
imateriais e inteligíveis. Não há separação entre aquilo que o intelecto
conhece e o que os sentidos conhecem. A virtude superior opera sobre a
inferior. É possível ter uma ciência imóvel das coisas móveis.
2. A essência do conhecimento é
oposta à da materialidade
a. AGOSTINHO: A alma conhece os corpos
pelas semelhanças. b. DIONÍSIO: As coisas inferiores estão nas superiores de
modo mais eminente que em si mesmas. B. PLATÃO: As causas da formas conhecidas
são imateriais. C. FISIÓLOGOS: As coisas conhecidas que são materiais deveriam
estar materialmente no cognoscente. Todo o conhecimento seria imaterial.
Conclui-se que a essência do conhecimento é
oposta à da materialidade. Quanto mais imaterial tiver da forma conhecida o
cognoscente mais perfeitamente vai conhecer. É próprio de Deus conter a
essência imaterial de todas as coisas.
Resposta 1ª: A alma dá algo de sua
substância para formação das imagens corpóreas. 2ª Resposta: Para Aristóteles,
a alma é potencialmente conhecedora de tudo. 3ª Resposta: A essência de Deus é
a semelhança perfeita de tudo.
3. O valor da experiência: Intellectus est sicut tabula in qua nihil
est scriptum
GREGÓRIO:
O inteligir é comum a homens e a anjos. A alma tem em si as espécies das coisas
naturais. E conhece as causas corpóreas pelas espécies inteligíveis.
A
alma cognoscitiva está em potência tanto para as semelhanças que são os
princípios do inteligir e do sentir. A alma não possui espécies inatas, mas é
potencialmente provida em relação à capacidade de conhecer em relação a todas
as espécies.
Não
é verdade que a alma já sabe porque não seria possível que esquecesse tudo.
Exemplo, o cego de nascença não conhece cores. Portanto, a alma não conhece as
coisas corpóreas por espécies inatas. O intelecto humano é apenas potencial às
espécies. Species significa “vista,
aparência, aspecto”.
4. Crítica às ideias inatas de
Platão
A alma intelectiva enquanto intelige
participa dos inteligíveis. As coisas inteligidas em ato são formas agentes sem
matéria. As espécies inteligíveis são causadas pelos inteligíveis fora da alma.
São por substâncias separadas que são causadas as espécies inteligíveis. Logo, as
espécies inteligíveis procedem de substâncias separadas.
PLATÃO: As formas das coisas sensíveis são
subsistentes por si. Avicena concorda com Platão ao dizer que as espécies
inteligíveis efluem de formas separadas; porém, não admite as ideias como
inatas.
Se fosse assim a alma não precisaria do
corpo para inteligir. As espécies inteligíveis não efluem de formas separadas.
O intelecto possível passa da potência ao ato o conhecer e o intelecto agente é
a virtude da alma.
5. Conhecimento das ideias
DIONÍSIO: A alma não conhece todas as coisas
nas razões eternas. ESCRITURAS: As razões eternas são conhecidas pelas coisas
materiais.
Toda ciência deriva das ideias. Estas são as
razões eternas existentes na mente divina (rationes
aeternae). A alma intelectiva conhece todas as verdadeiras nas razões
eternas.
Platão defendia a teoria das ideias.
Agostinho ensinou que as ideias existem na mente divina – imagem do sol. Porém,
não é só por participação das razões eternas que temos ciência.
6. O princípio do conhecimento é o
sentido
AGOSTINHO: Não se pode derivar o
conhecimento verdadeiro dos sentidos. O corpo não opera no espírito, é este que
causa a imagem das coisas em si mesmo.
São três opiniões sobre este tema.
DEMÓCRITO: As imagens dos corpos entram em nossa alma. PLATÃO: O conhecimento
independe de órgão corpóreo. AGOSTINHO: A alma usa os sentidos para
perceber as coisas.
ARISTÓTELES: O sentir é um ato do corpo e da
alma. O intelecto agente pela abstração torna os fantasmas inteligíveis. Phantasmata são “imagem, espectro, ser
imaginário”.
O conhecimento sensitivo não é a causa total
do conhecimento intelectual.
7. A participação dos fantasmas
A alma
não intelige nada sem o fantasma (nihil
sine phantasmate intelligit anima, quaestio 84, art. 7). É impossível ao nosso intelecto inteligir sem
se valer dos fantasmas. É necessário o ato da imaginação. Se alguém tiver algum
órgão lesado estará impedido de inteligir. Os seres particulares são
apreendidos pelos sentidos.
Os seres incorpóreos são inteligido por
comparação com os corpos sensíveis.
8. A privação dos sentidos
O uso da razão fica impedido pela privação
dos sentidos. Exemplo, o sonho com as coisas ilícitas. Seria impossível em
juízo perfeito durante a privação dos sentidos. Os dados do conhecimento
dependem dos sentidos.
[1]TOMÁS DE AQUINO. Suma
Teológica. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2476.
Acesso em 01.
mai. 2016.