TEORIA DO CONHECIMENTO: TIPOS E FONTES DE CONHECIMENTO
1. Tipos
de conhecimento
Conhecimento direto:
Quando o sujeito cognoscente tem contato com o objeto ou a pessoa. Esse tipo de
conhecimento depende de uma experiência pessoal direta, independe de descrição.
Dispensa a necessidade de inferência e a se apóia em registros sensoriais,
lembranças e vivências. Ex.: “Conheço Virgínia”, “Conheço a estrada que vai
para Belo Horizonte”. É conhecido também como conhecimento objetual.Na
terminologia de Russell, knowledge by
acquaintance.
Conhecimento
competencial: Exige do sujeito cognoscente uma habilidade ou competência
para a realização de ato. É um conhecimento por aptidão, nem sempre depende de
teorização. É o know how (saber
fazer), é a proficiência em determinada arte ou técnica. Ex.: “Sei jogar
futebol”, “Leio grego”.
Conhecimento proposicional:
Concretiza-se no fato de alguém saber se uma proposição é verdadeira. É um
conhecimento por descrição, crença verdadeira justificada. S sabe que p. Ex.:
“Sei que Roma é a capital da Itália”. “Sei que a água doce está acabando no
planeta”.
2. As fontes do conhecimento
Distinguir as fontes do conhecimento
é necessário. São fontes do conhecimento:
Ø Percepção
(“O gato está sobre o sofá”);
Ø Memória
(“Meu pai serviu ao exército”);
Ø Razão
(“Todos os urubus são pretos”),
Ø Introspecção
(“Penso em ser feliz”), testemunho (“Hipácia era uma filósofa”).
As quatro primeiras fontes de
conhecimento são individuais, a quarta é social. O testemunho depende da interação social. Uma
gama de saberes com quais temos contato no dia-a-dia provém do testemunho. Não
realizamos e testamos todas as informações que trabalhamos com elas para
sabermos que são verdadeiras.
Toda observação depende da teoria.
As observações anteriores dos cientistas são transmitidas por meio de
testemunho. Há uma relação entre razão e testemunho. Porém, os iniciadores da
Teoria do Conhecimento como Descartes e Locke não dão valor ao testemunho.
Descartes contou somente com um solipsismo interior na busca da verdade.
Segundo o filósofo estadunidense
Robet Audi, há fontes de conhecimento: Percepção, memória, consciência,
testemunho e razão.
I - PERCEPÇÃO
O fato de que há um campo verde e a
crença de que eu vejo um são justificados pela minha experiência visual. São
conhecimentos em virtude dela.
O mesmo vale para outros sentidos.
Eu vejo um vidro e sinto sua temperatura fria. Essas crenças são fundadas sob
minha experiência tátil. Eu poderia também crer nisso baseado no testemunho de
alguém.
Então, me refiro percepções e
crenças perceptivas. Crenças perceptivas não são simplesmente crenças sobre
coisas perceptíveis, são crenças fundadas na percepção. Nós classificamos
crenças perceptivas pela natureza de suas raízes. Visão e crenças visuais são
excelentes bases para discutir percepção e crenças perceptivas.
Percepção é um tipo de conhecimento
e justificação principalmente pela virtude das crenças produtivas que
constituem conhecimento ou são justificadas.
1.1.
Elementos
da Percepção
A percepção tem quatro elementos: a)
Quem percebe; b) O que é percebido; c) A experiência sensorial; d) A relação
entre objeto e sujeito.
Sobre a percepção. Vejo um campo
verde. Vejo que ele é retangular. De cima, posso ver melhor a sua forma.
Exemplos de percepção – ouvir um
pássaro, tocar uma grama, cheirar uma rosa, provar uma bala de menta.
a) Percebo algo (perceiving of); b) Percebo estar ou ser (perceiving to be); c) percebo que (perceiving that).
II
– MEMÓRIA
Acredito que podei uma macieira.
Essa crença é fundada pela minha memória. Quando olho para a árvore e vejo suas
formas me ocorre que realmente fiz aquilo. Não resulta de uma inferência e nem
de um pensamento volitivo (wishful
thinking).
A memória se constrói sobre a
percepção. Ela preserva informações importantes obtidas pelos sentidos. Um
evento como a Segunda Guerra Mundial, eu tenho na memória através de leitura.
Conhecemos alguma proposição do
passado através da lembrança dos outros. A leitura do evento passado que eu
presenciei se baseia no testemunho.
III
- CONSCIÊNCIA
Tempos falado a respeito das
diversas coisas que estão fora de nós: O campo verde, o cheiro da rosa no ar, o
vidro frio na minha mão. Mas há muito
mais coisas que acreditamos que estão dentro de nós. Eu acredito que estou pensando no
autoconhecimento, que existem águas azuis e que sou um cidadão consciente. Ao
manter essas três crenças, eu atribuo diferentes propriedades a mim mesmo:
Pensar, acreditar, imaginar. Como essas crenças produzem conhecimento e
justificação? Elas parecem uma visão
natural. Se há alguma verdade nisso,
então explorando a percepção externa e autoconsciência pode ajudar a explicar
como tais crenças são justificadas ou constituem conhecimento.
O tipo mais importante de
autoconhecimento não sobre nossos corpos, é sobre nossas mentes – por exemplo –
sobre o que cremos, queremos, sentimos e o que nos faz lembrar. Ajudará nesse
sentido, começar a descrever três tipos de propriedades mentais ilustradas pelo
pensamento, imaginação e pela crença. Desde que tudo estiver mentalmente aberto, esta é
uma tarefa da filosofia da mente. Mas a epistemologia não pode deixar de tratar
dos fenômenos mentais. Pensar, inferir e acreditar, são centrais em ambos os
ramos da filosofia. E para compreender o
autoconhecimento nós precisamos de
compreender as características que o constituem.
Pensamento é um tipo de processo que
envolve uma sequência de eventos mentais.
O pensamento em seres humanos tem princípio, meio e fim. É constituído
pelos eventos mentais, tal se considera uma proposição. E eles são ordenados no
tempo, frequentemente pelo assunto e algumas vezes pela lógica (AUDI, 2003, p.
76).
3.1.
Dois tipos básicos de propriedades mentais
Simplesmente tendo uma imagem, de
modo mínimo como faz com uma imagem estática ou sem mudança no olho da mente,
estando num certo estado mental. Diferente de algo que muda, como um estado
mental que não exige absolutamente ocorrência de algum evento. Imaginando que
pode ser um processo de evocar uma sucessão de imagens ou quando algum deles é
mantido na imaginação sem alterações, estático. Posso imaginar algo por um
tempo sem mudança seja o que for, e sem a ocorrência de nenhum evento mental
que pode ser parte da imaginação.
IV
- RAZÃO
Vejo um campo verde e acredito que
ele existe fora de mim. Desvio o olhar e acredito que estou imaginando.
Lembro-me de sua forma e acredito que ela é retangular. Há crenças fundadas na
experiência: Perceptiva, autoconsciente e memorial. Mas acredito também em algo
bastante diferente do que eu vejo: Se o pinheiro que está à minha esquerda é
mais alto que o bordo que está à minha direita, então o bordo é mais curto que
o pinheiro.
Baseado em que alguém crê que essa
verdade é óbvia? Precisamos ver as árvores para saber disso? Certamente, é
baseado na percepção que eu acredito em cada uma das proposições comparativas;
é fácil ver, por exemplo, que o pinheiro é mais alto que o bordo. Mas não
acredito baseado na percepção que o pinheiro é mais alto que o bordo, então, o
bordo é mais curto que o pinheiro. Como um ser racional, eu aparentemente
agarro esta verdade e assim acredito nisso (AUDI, 2003, p.96).
V
- TESTEMUNHO
Se somente nossas fontes de
conhecimento e crença justificada fossem percepções, consciência, memória e
razão, nós estaríamos bem empobrecidos. Nós não aprendemos a falar ou a pensar
sem a ajuda dos outros e muito do que nós sabemos depende dos outros. Crianças
nos primeiros anos de vida dependem dos outros inteiramente para aprender tudo
sobre o mundo. Em se tratando da nossa dependência, para conhecimento e
justificação, sobre o que as outras pessoas nos dizem, filósofos comumente têm
falado sobre nossa confiança sobre o testemunho deles.
Se a percepção, memória, consciência
e razão são nossas primeiras fontes individuais de conhecimento e de
justificação, o testemunho é a primeira fonte social deles. Isso porque ele diz respeito à epistemologia
social. As distintas situações que o testemunho produz conhecimento e
justificação são sociais: Em cada caso uma ou mais pessoa liga algo a uma ou
mais pessoas. Há vários tipos de testemunhos e como eles produzem conhecimento
(AUDI, 2003, p.133).
REFERÊNCIAS:
AUDI, Robert. Epistemology. New York: Routledge, 2003