A teoria cosmológica de Platão se encontra no
diálogo “Timeu”. O texto foi escrito entre 366 e 347 a. C. Os personagens do
texto são: Sócrates, Timeu, Crítias e Hermócrates. Timeu, o
personagem principal, é fictício, apesar de algumas referências que seria um pitagórico natural
de Lócrida.
O objetivo inicial de Platão era a partir da origem
do universo atingir a descrição ontológica da gênese da natureza dos homens (o
objetivo final, então, foi a descrição da alma). [B-19 C]. Portanto,
pode-se entender o Timeu como uma continuação da República.
Platão elabora um modelo cosmológico baseado na
descrição racional dos movimentos dos corpos celestes. A natureza é resultado
de uma arquitetura premeditada do Demiurgo. Os corpos celestes são
esféricos e seus movimentos circulares e uniformes.
O trabalho pode ser dividido em três partes:
Ø Recapitulação dos primeiros cinco
livros da República (17A-20C)
Ø Narração de Crítias do
mito da Atlântida (20C-25D)
Ø Discurso cosmológico de Timeu (27C-92E).
A introdução é puramente narrativa, enquanto Crítias toma
a palavra, conta o mito de Atlântida. Segundo Crítias, nove mil anos antes
da época de Sólon, Atenas era uma instituição semelhante à Atlântida descrita
nos cinco primeiros livros da República. Os atenienses lutaram contra os
habitantes dessa ilha, venceram-nos e tempos depois um maremoto afundou o
lugar.
O
discurso cosmológico do Timeu
O dicurso de Timeu envolve todo
o campo do conhecimento da natureza, desde a astronomia até a patologia e a
psicofísica. Pode ser subdividido em três partes: I) Os fundamentos teóricos e
as ações do Demiurgo; II) O princípio material; III) a natureza do homem.
O ser que é sempre não é objeto do devir, mas
inteligível. O devir provém da doxa, portanto, não é ser verdadeiramente. O
mundo sensível, por ser como é, devém.Tudo que aparece é produto de uma causa,
portanto, há um agente.
A
causalidade é obra do Demiurgo. Pois esse Artífice é a
causa suprema, sua obra é o melhor efeito. O mundo sensível é cópia de um
modelo eterno. A cópia sensível é um devir.
O Artífice tem dois modelos: A)
Eterno/inteligível; B) Gerado/imperfeito.
“Existe um ser puro que pode ser alcançado somente
pela inteligência; o demiurgo usa esse modelo para gerar o mundo sensível e do
devir. Por consequência o mundo sensível resulta numa imagem de uma
realidade metassensível realizada pelo Demiurgo” (Reale).
Há uma distinção entre a a causa eficiente do
mundo, o Demiurgo, e a causa formal, o modelo que ele toma como referência
(dualismo). A razão última da criação do Demiurgo é a bondade. O mundo nasce
como fusão de terra e fogo. A fusão de dois meios proporcionais o ar e a água. O
mundo foi modelado no formato de esfera e dotado de uma alma.
A alma do mundo é constituída por: Um
ser intermediário entre aquilo que sempre é e aquilo que vem a ser. Uma forma
analogamente intermediária de identidade.Uma forma de dessemelhança. Portanto,
seria uma forma derivada entre o temporal e o eterno.
O Demiurgo criou o tempo, “imagem em movimento da
eternidade”, e por consequência, corpos perceptíveis dotados de
movimentos uniformes que servem como medida dele: O sol e os planetas. Os
dotou de movimento de rotação e de revolução em torno de uma órbita.O nous descobriu
a ideia de ser vivente e plasmou com fogo as estrelas-deusas.
Depois de criar os deuses, decidiu criar os homens
dotando-os de almas imortais que encarnam neles.
Eudoxo (408-355), discípulo de Platão, criou
um modelo geocêntrico para explicar o movimento dos planetas. Aristóteles
completou seu trabalho.
Platão entende os planetas como manifestação da
alma do mundo.
Trata-se de um esquema dos princípios de uma
ciência geométrica da natureza.
Análise verossímil e provisória (48D).
Redução
dos princípios que regulam a criação dos cosmos a ciência geométrica.
PRINCÍPIOS:
necessidade
– causa errante
receptáculo
espacialidade
origem
dos quatro elementos
Necessidade = casualidade, privação de finalidade e de ordem (47 E).
Receptáculo = realidade amorfa, plasmável de muitos modos
segundo os modelos mediante os entes matemáticos (50 D).
Espacialidade (χώρα) = é postulada pela existência do receptáculo
é sede da impressão à obra do Demiurgo.
O MODELO COSMOLÓGICO
DE EDUDÓXIO DE CNIDO
Eudoxo de Cnido foi o primeiro
filósofo a elaborar um modelo cosmológico de esferas celestes concêntricas. A
Terra estava no centro desse modelo.
A sequência era Terra, lua, Mercúrio, Vênus,
Sol, Marte, Júpiter, Saturno e estrelas fixas. Cada planeta teria uma coleção
de esferas imaginárias.
O movimento final dos planetas era
determinado pela combinação do movimento das quatro esferas, duas internas e
duas externas. Eudóxio não chegou a explicar se as esferas eram reais ou não,
mas conseguiu impressionar por muito tempo com sua explicação.
A
COSMOLOGIA DE ARISTÓTELES
A obra referência para o acesso à cosmologia
de Aristóteles será “Sobre o céu” (340 a. C.). A cosmologia aristotélica ainda
considera os quatro elementos como realidades físicas elementares. Essa
cosmologia é, na verdade, uma metafísica do sensível.
A matéria tem quatro qualidades: Quente,
frio, úmido e seco. E existem dois movimentos “natural” e “forçado”. O movimento natural é sempre linear. Os
corpos celestes têm seu movimento natural circular porque são feitos de outra
matéria, o éter. Esses corpos são imutáveis, enquanto, o mundo da Terra é o
reino do devir.
Aristóteles dividiu a realidade sensível em
mundo sublunar e mundo supralunar. A
característica distintiva entre os dois é a existência da geração e da
corrupção no mundo sublunar e a ausência delas no mundo supralunar.
A matéria do mundo sublunar são os quatro
elementos. A do mundo supralunar é o
éter. Suas características são a incriabilidade e a incorruptibilidade. Além
das estrelas fixas, Aristóteles situou uma esfera responsável por tudo no
Universo, o Motor Imóvel. O Universo de Aristóteles é eterno e infinito.
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