TÓPICOS
EM FILOSOFIA[1]
José Aristides da Silva Gamito
I - Filosofia da Mente
II - Filosofia da Educação
III - Filosofia Política
Introdução
Abordaremos
nesta conferência três importantes subdivisões da Filosofia: Mente, educação e
política. Partiremos dos estudos sobre a mente de um ponto de vista filosófico
para depois nos determos nos fundamentos da educação e da política dentro da
filosofia.
I
- Filosofia da Mente
A filosofia da mente é
um ramo da filosofia que estuda a natureza da mente, os estados, funções e
propriedades mentais, a consciência e suas relações com o corpo físico,
principalmente com o cérebro. Neste sentido, seu estudo envolve o modo de ser
da mente, a consciência, o autoconhecimento, a percepção, a introspecção.
As principais questões propostas pela filosofia da mente
são:
ü Qual
a relação entre mente e corpo?
ü A
mente é uma entidade física?
ü É
possível verbalizar os estados mentais?
Dentro dos problemas
abordados por esta subdivisão da filosofia sobressai-se a relação entre mente e
corpo. Há duas tendências na tentativa de resolução do problema: Monismo e
dualismo. Na antiguidade, Platão e Aristóteles são os primeiros representantes
do dualismo. Mas é o filósofo Descartes quem irá formular com precisão esta
distinção entre corpo e mente.
O
problema mente-cérebro
O
termo mente
Etimologicamente, mens, mentis significa “pensar,
conhecer, entender”. Os gregos a chamavam de nous, noos com o sentido
de “intelecto, entendimento”. E também psyché. As palavras alma, espírito,
mente não se reduzem a cérebro, mas foram na história usadas para designar
estados mentais. Termos usados: Mens,
nous, pneuma, ruah, nephesh.
Dualismo
Platão defende
um dualismo explícito que chega a argumentar em favor da transmigração da alma
e afirma a existência da alma. As coisas são cópias de uma realidade
pré-existente. Já Aristóteles postula um pneuma, presentes nos seres vivos que não é contraposto ao mundo
material e corporal. Em toda Idade Média, o dualismo foi predominante. Descartes
utiliza as expressões res cogitans e res extensa para falar sobre a mente e o
corpo. O pensamento é diferente do corpo. O dualismo pode ser sustentado de
dois modos. Pode-se considerar que a mente é uma substância independente. Ou
que é um conjunto de propriedades distintas do cérebro, que não podem reduzidas
ao cérebro, mas que não constituem uma substância independente.
Monismo
O monismo é a vertente
que sustenta que corpo e mente não são entidades ontologicamente distintas.
Existem filósofos defensores desta solução para o problema mente-corpo:
Parmênides (século V a. C.) e Spinoza (século XVII). Os fisicistas sustentam
que somente existe aquilo que é físico. Neste caso, a mente é reduzida a uma
entidade física. Já os idealistas julgam que a mente é tudo que existe e que o
mundo externo é uma ilusão criada por ela. Dentre o fisicismo está o
behaviorismo.
O dualismo cristão
Na perspectiva bíblica
cristã, corpo, alma e espírito constituem a totalidade que é o ser humano (1 Ts
5,28). Na compreensão judaica também, corpo (feito de barro), alma (vida) e
espírito (sopro divino, imortal) são constitutivos de um mesmo todo. Apesar de
haver mais tarde na história do cristianismo um dualismo acirrado.
II
- Filosofia da Educação
Toda
concepção de educação implica necessariamente uma concepção de homem.
Acompanharemos, a seguir, a visão dos principais pensadores sobre a formação do
homem.
Sócrates
O método de
educação de Sócrates não pode ser pensado separadamente de seu método de
filosofar: A maiêutica. Os fins de sua visão educacional são éticos. O homem
almejado por esse modelo de educação é aquele disposto para a justiça, para o
amor e para a virtude. A ignorância é a causa dos vícios e de todos os males. O homem é definido pelo seu intelecto.
A
metodologia socrática supõe que todos já possuem em sua alma o saber. A função
do mestre é provocar o parto de ideias.
Platão
A
visão de educação em Platão exige primeiramente um exame da teoria das formas.
O mundo sensível é apenas um aspecto do mundo real. O conhecimento se dá pelo
contato repetido com um objeto até formamos uma ideia geral do que ele é. A
ignorância é um esquecimento, quem procura agora saber, em um determinado
tempo, soube. Platão chama este fenômeno de anamnese.
Aristóteles
Este
filósofo procurou entender o funcionamento do raciocínio como base do processo
cognitivo. Através da classificação das ciências, o pensador abrange o pensar,
o agir e o fazer. Sua visão educacional quer atingir o homem como um todo. O
conhecimento deve ser buscado pela inteligência.
Baruch
Spinoza
Spinoza é
importante para a discussão em torno da educação por privilegiar a
singularidade humana. O homem possui um desejo de conservar a si mesmo como
singular. Os afetos são os modos de pensar as coisas.
Immanuel
Kant
A
liberdade e a moralidade são as fundadoras da educação. A finalidade da
educação é justamente a consecução da liberdade por meio da universalização do
saber. Educar a razão é adquirir autonomia.
Georg
Friedrich Hegel
Hegel
foca seu pensamento no absoluto. Para ele, portanto, educar o homem é
ordená-lo, discipliná-lo segundo a razão. Este ordenamento acontece dentro da
sociedade.
Karl
Marx
Marx
pensa a educação como parte da superestrutura e que foi por muito usada como
forma de controle social pelas classes dominantes. Na sua visão a educação
deveria ser igualitária. Educar o homem seria fazê-lo consciente de sua classe.
III
- Filosofia Política
Primeiramente,
devemos lembrar que filosofia política é a disciplina filosófica na qual se
discute como a sociedade deve estar organizada. Há duas tendências nas
concepções políticas: Realista e utópica.
Há muitos preconceitos em relação à
política. “Arendt estabelece
duas categorias de preconceitos contra a política: no âmbito internacional – o
medo de um governo mundial totalitário e violento; no âmbito local ou interno –
a política é reduzida a interesses mesquinhos, particularistas e à corrupção.”
Para
se compreender a política, Francis propõe-nos a imaginar como seríamos sem ela.
Ainda segundo Wolff (2003), a vida humana pode acontecer a partir das três
possibilidades que se seguem:
a) Em comunidade, organizada pela existência
de uma instância externa à sociedade (o Estado, por exemplo), cuja função seria
a efetivação e a manutenção da unidade da sociedade. A política, neste caso, seria
coercitiva e o poder estaria localizado fora da sociedade, mas agindo sobre
ela.
b) Isolada, como a maioria dos animais,
talvez em pequenos grupos ou famílias. Essa condição seria praticamente
impossível.
c) Em comunidade, mas sem a necessidade da
política. A vida transcorreria em harmonia, sem diferenças, sem conflitos, nem
confrontos, sem a necessidade de leis ou limites.
Segundo Wolff apenas 2 sociedades conseguiriam viver o ideal da
política: A sociedade ateniense e os índios brasileiros.
O modelo ateniense
Os atenienses desenvolveram a noção de esfera pública com o
começo da democracia. Nas reformas de Sólon e de Clístenes, consolida-se uma
forma de governo com a representação da vontade do povo: O conselho (boulé) era composto por 500
representantes das classes existentes e subdividido em 10 comissões (pritanias)
de 50 membros. Ele recolhia as propostas de leis a serem votadas na ekklesía.
O modelo indígena
Os europeus afirmavam sobre os índios: “Os indígenas não
têm política, não têm Estado, não têm leis – espantavam-se os colonizadores.” E
mais, eram “sociedades sem
escrita; sem Estado; sem mercado e sem história.” Em
grupos como os tupis-guaranis, funcionava um tipo de autogoverno.
O
chefe indígena tinha função de árbitro, de conciliador. Ele precisava usar a retórica para manter a
ordem só que seu discurso se baseava no passado.
O
modelo maquiavélico
Maquiavel chocou porque abordou o tema da política considerando
o lado egoísta do ser humano. A sua intenção é dar instruções práticas em “O
Príncipe”. O pensador desenvolve um estudo sobre o poder e na sua definição ele
é entendido como “como correlação de forças, fundada no antagonismo que se
estabelece em função dos desejos de comando e opressão, por um lado, e
liberdade, por outro, pelos quais se formam as relações sociais.”
Existia
uma ética própria para política. Algumas atitudes e valores individuais têm
pesos diferentes para atitude do monarca, pois ele tem de pensar em seus
súditos. Por exemplo, a generosidade
excessiva pode arruinar as finanças do Estado. A sobriedade garantiria gestos
de nobreza do governante.
“O agir pressupõe
a compreensão da natureza humana, assim entendida por Maquiavel: os homens
buscam quem lhes proporcione vantagens, melhorias.”
REFERÊNCIAS
MASLIN, Keith. An
introduction of philosophy of mind. Cambrige: MPG Books Ltd., 2001.
TEXEIRA,
João de Fernandes. O que é filosofia da mente. Editora Brasiliense, 1994.
VV.
Filosofia.
Curitiba: SEED-PR, 2006.
[1] Aulas de Filosofia ministradas no Curso de Integralização em Filosofia do Instituto de Educação Superior do
Espírito Santo (IESES)/Faculdade de Ciências da Bahia (FACIBA), polo de
Caratinga, 2011.
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