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domingo, 19 de junho de 2016

Antropologia na modernidade

1.        A concepção bíblico-cristã e medieval do homem (séc. I – séc. XV.)

1.1.  A imagem do homem no cristianismo

        No período medieval, predomina uma visão de homem construída pela influência do cristianismo. Caracterizam-se essa visão antropológica:
a)O homem é uma unidade radical compreendido com imagem de Deus.  O homem é carne (basar) marcado pela transitoriedade e igualmente espírito (rûah) assinalado com a vitalidade e com a capacidade de se relacionar com Deus. No seu coração (leb) está a sede das paixões e dos afetos.
b)   A manifestação do ser e do destino do homem ocorre progressivamente e dentro de uma perspectiva soteriológica.
c)  Os escritos do Novo Testamento continuam e aprofundam essa constituição do homem na tricotomia soma, psyché e pneûma.
        As influências gnósticas influenciaram o cristianismo inicial com a oposição entre espírito e matéria. Em seguida, os pais da Igreja procuraram refletir sobre essa natureza do homem a partir da doutrina cristã. Nessa fase ocorre o encontro entre cristianismo e platonismo.
        O primeiro a desenvolver o tema foi Ireneu de Lião (século II) na obra Adversus Haereses na qual define o homem como reflexo da glória de Deus. No século IV, Gregório de Nissa escreve sobre a constituição do homem na obra De hóminis opifício. No século seguinte, Nemésio de Emesa escreve De natura hóminis que representará uma síntese da antropologia patrística grega e que influenciará o medievo latino.
        A contribuição decisiva, inovadora e influente virá de Agostinho de Hipona (354-430). A antropologia augustiniana teve algumas influências: a) Neoplatonismo – o homem interior é coroado pela mens e nesse interior Deus se faz presente; b) Antropologia paulina- Agostinho introduz na relação entre pecado e graça o conceito de liberdade; c) Gênesis – o tema do Deus criador. O homem é visto como imagem de Deus e destinado a Deus. Ele ser uno, itinerante e ser para Deus.

1.2.  A concepção de homem no medievo

        A Idade Média terá três fontes para constituir a sua antropologia: As Escrituras, os escritos patrísticos e os filósofos. A influência de Agostinho se prolonga até o século XII, a partir daí é Aristóteles que se torna referência. Por a antropologia medieval se fará mediante uma tensão entre agostinismo e aristotelismo tendo como referência a Bíblia.
        Os aspectos da historicidade e da corporalidade humana se destacam. O homem é um ser histórico e tem seu destino determinado por essa situação. Toda trajetória pessoal se insere num âmbito histórico maior, a historia salutis. O problema da união do corpo e da alma está presente em toda a reflexão.
        Tomás de Aquino (1225-1274) define o homem como animal rationale, aquele que na hierarquia dos seres está na intersecção entre o espiritual e o corporal; o homem é criatura, imagem e semelhança de Deus. O filósofo sustenta a unidade hilemórfica do homem. Mas mantém a precedência da alma sobre a matéria como parte criada imediatamente por Deus. A anima intellectiva é a única forma substancial do composto humano. Desta unidade surgem suas potencialidades de agir e de fazer.

        O homem se encontra numa posição mediadora entre o tempo e a eternidade e assim ao se abrir à eternidade participa da dimensão divina e espiritual.

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Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001