1.
A
concepção bíblico-cristã e medieval do homem (séc. I – séc. XV.)
1.1. A imagem do homem no cristianismo
No
período medieval, predomina uma visão de homem construída pela influência do
cristianismo. Caracterizam-se essa visão antropológica:
a)O homem é uma unidade
radical compreendido com imagem de Deus.
O homem é carne (basar)
marcado pela transitoriedade e igualmente espírito (rûah) assinalado com a vitalidade e com a capacidade de se
relacionar com Deus. No seu coração (leb)
está a sede das paixões e dos afetos.
b)
A manifestação do ser e do destino do
homem ocorre progressivamente e dentro de uma perspectiva soteriológica.
c) Os escritos do Novo Testamento continuam e
aprofundam essa constituição do homem na tricotomia soma, psyché e pneûma.
As
influências gnósticas influenciaram o cristianismo inicial com a oposição entre
espírito e matéria. Em seguida, os pais da Igreja procuraram refletir sobre
essa natureza do homem a partir da doutrina cristã. Nessa fase ocorre o
encontro entre cristianismo e platonismo.
O
primeiro a desenvolver o tema foi Ireneu de Lião (século II) na obra Adversus Haereses na qual define o homem
como reflexo da glória de Deus. No século IV, Gregório de Nissa escreve sobre a
constituição do homem na obra De hóminis
opifício. No século seguinte, Nemésio de Emesa escreve De natura hóminis que representará uma síntese da antropologia patrística
grega e que influenciará o medievo latino.
A
contribuição decisiva, inovadora e influente virá de Agostinho de Hipona
(354-430). A antropologia augustiniana teve algumas influências: a) Neoplatonismo
– o homem interior é coroado pela mens
e nesse interior Deus se faz presente; b) Antropologia paulina- Agostinho
introduz na relação entre pecado e graça o conceito de liberdade; c) Gênesis –
o tema do Deus criador. O homem é visto como imagem de Deus e destinado a Deus.
Ele ser uno, itinerante e ser para Deus.
1.2. A concepção de homem no medievo
A
Idade Média terá três fontes para constituir a sua antropologia: As Escrituras,
os escritos patrísticos e os filósofos. A influência de Agostinho se prolonga
até o século XII, a partir daí é Aristóteles que se torna referência. Por a
antropologia medieval se fará mediante uma tensão entre agostinismo e
aristotelismo tendo como referência a Bíblia.
Os
aspectos da historicidade e da corporalidade humana se destacam. O homem é um
ser histórico e tem seu destino determinado por essa situação. Toda trajetória
pessoal se insere num âmbito histórico maior, a historia salutis. O problema da união do corpo e da alma está
presente em toda a reflexão.
Tomás
de Aquino (1225-1274) define o homem como animal
rationale, aquele que na hierarquia dos seres está na intersecção entre o
espiritual e o corporal; o homem é criatura, imagem e semelhança de Deus. O
filósofo sustenta a unidade hilemórfica do homem. Mas mantém a precedência da
alma sobre a matéria como parte criada imediatamente por Deus. A anima intellectiva é a única forma
substancial do composto humano. Desta unidade surgem suas potencialidades de
agir e de fazer.
O
homem se encontra numa posição mediadora entre o tempo e a eternidade e assim
ao se abrir à eternidade participa da dimensão divina e espiritual.
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