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domingo, 19 de junho de 2016

Antropologia Filosófica

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA[1]

José Aristides da Silva Gamito[2]

1.        Introdução

        Antropologia Filosófica procura responder a questão sobre o que é o homem.  É uma pergunta que se encontra entre dois campos o da natureza e o da cultura. As tarefas principais dessa disciplina filosófica são: a) elaborar um conceito de homem considerando as tradições filosóficas; b) buscar a unidade do homem diante de suas múltiplas dimensões; c) elaborar uma sistematização filosófica que responda à pergunta sobre a definição do homem (HERRERO).
        Antropologia se coloca diante do desafio de o homem ser simultaneamente o sujeito e o objeto de seu estudo.
        Em síntese, a antropologia filosófica estuda a origem, natureza e lugar do homem no universo. O primeiro a utilizar o termo antropologia foi o humanista Otto Casmann na obra Psychologia Anthropologica sobre o problema do corpo e da alma. O estudo da antropologia no sentido contemporâneo tem seu início na década de 20.

2.        A concepção clássica do homem (séc. VI a. C. – séc. VI d. C.)

        A concepção sobre o homem que Vaz (1991) denomina clássica tem seu início nos séculos VIII e VII na Grécia Antiga e se unirá mais tarde a elementos romanos, resultando daí a concepção greco-romana.  
        Nessas primeiras concepções dois traços fundamentais se destacam: O homem compreendido como um animal que domina o discurso (zoon logikon) e como um animal que vive em sociedade (zoon politikon).  O domínio do discurso possibilita ao homem estabelecer normas e entrar em consenso para a vida em sociedade.
        A gênese dessa visão grega está no período arcaico. Vaz (1991) distingue algumas linhas que levantam traços culturais dessa antropologia. Os gregos antigos que dividiam um cosmo entre mundo dos deuses (theoi) e mundo dos mortais (thanatoi). A pretensão do ser humano de participar dos atributos divinos é aplacada com o destino (moira) que contém a possibilidade da tragédia.
        O homem grego admira a ordem do universo e a toma como referência para a ordem que deve reinar na polis. O estilo de vida proposto por Platão e Aristóteles é o da vida contemplativa (bios theoretikós). Esses traços cosmológicos influirão na necessidade de se ter uma ciência do agir corretamente, moderadamente, a ética. É preciso conciliar a liberdade humana com a necessidade cósmica.
        Nietzsche atribui à alma grega a oposição entre apolíneo e o dionisíaco:

O apolíneo reflete o lado luminoso da visão grega do homem, a presença ordenadora do logos na vida humana, que a orienta para a claridade do pensar e do agir razoáveis. O dionisíaco traduz o lado obscuro (ctônico), onde reinam as forças desencadeadas do eros ou do desejo e da paixão (VAZ, 2004, p. 29).

        Em outras palavras, o dionisíaco representa a embriaguez criativa e a paixão sensual, a humanidade em plena harmonia com a natureza. Já o apolíneo é a visão de sonho e tentativa de expressar o sentido das coisas na medida e na moderação, explicitando-se em figuras equilibradas e límpidas.
        Toda a visão grega arcaica da vida é marcada pela idéia de excelência (areté). O herói guerreiro e civilizador é valorizado. Posteriormente, essa excelência se encarna no sábio. O tema do destino perpassa também essa transição entre o período arcaico e o clássico. A visão do destino como inexorável, que possui a tragédia latente em si, se transforma no moralismo. No período clássico, ao homem é cobrada responsabilidade pelo seu destino.



[1] Texto-base para aulas de Antropologia Filosófica em Itaperuna (RJ) em junho de 2016.
[2] Licenciado e bacharel em filosofia, pós-graduado em Docência do Ensino Básico, do Ensino Superior e pós-graduando em Língua Latina e Filologia Românica.

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Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001