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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Definição de Conhecimento

Leitura proposta:
HESSEN, Johannes. Teoria do Conhecimento. Texto: A história do conhecimento, PP. 14-15.

A HISTÓRIA DO CONHECIMENTO – JOHANNES HESSEN
}  “Como disciplina filosófica independente, não se pode falar de uma teoria do conhecimento nem na Antiguidade nem na Idade Média. Certamente, encontraremos numerosas reflexões epistemológicas na filosofia antiga, especialmente em Platão e em Aristóteles. São, porém, investigações epistemológicas que ainda estão completamente embutidas em contextos psicológicos e metafísicos.
}  É só na Idade Moderna que a teoria do conhecimento aparece como disciplina independente. O filósofo inglês John Locke deve ser considerado seu fundador. Sua principal obra, An Essay concerning Human Understanding, publicada em 1690, trata de modo sistemático as questões referentes à origem, à essência e à certeza do conhecimento humano.”
}  « No livro Nouveaux essais sur I'entendement humain, publicado postumamente em 1765, Leibniz tentou refutar o ponto de vista epistemológico de Locke. Na Inglaterra, George Berkeley, em sua obra  Treatise concerning the Principles of Human Knowledge (1710), e David Hume, em sua obra principal, Treatise on Human Nature (1739/40) e em outra de menor dimensão, o Enquiry concerning Human Understanding (1748), continuaram edificando sobre a base dos resultados obtidos por Locke.
}  Na filosofia continental, lmmanuel Kant aparece como o verdadeiro fundador da teoria do conhecimento. Em sua principal obra epistemológica, a Crítica da razão pura (1781), tentou fornecer uma fundamentação crítica ao conhecimento das ciências naturais. O método que usou foi chamado por ele próprio de "método transcendental.
}  Esse método não investiga a gênese psicológica do conhecimento, mas sua validade lógica. Não pergunta, à maneira do método psicológico, como surge o conhecimento, mas sim como é possível o conhecimento, sobre quais fundamentos, sobre quais pressupostos ele repousa. Em virtude desse método, a filosofia de Kant também é chamada abreviadamente de transcendentalismo ou, ainda, de criticismo.
}  Em Fichte, o sucessor imediato de Kant, a teoria do conhecimento aparece pela primeira vez intitulada "teoria da ciência". Mas já apresenta aquele amálgama de teoria do conhecimento e metafísica que ganhará livre curso em Schelling e Hegel e que também estará inconfundivelmente presente em Schopenhauer e em Hartmann.
}  Em contraposição a esses tratamentos metafísicos da teoria do conhecimento, o neokantismo, surgido na década de 1860, esforça-se por separar nitidamente o questionamento metafísico do epistemológico. No entanto, o problema epistemológico foi tão vigorosamente empurrado para o primeiro plano que a filosofia corria o perigo de reduzir-se à teoria do conhecimento.
}  O neokantismo desenvolveu a teoria kantiana do conhecimento numa direção muito bem determinada. A unilateralidade de questionamento que isso provocou fez logo surgirem numerosas correntes epistemológicas contrárias. Vem daí estarmos hoje ante uma enorme quantidade de direcionamentos epistemológicos, de que os mais importantes serão apresentados a seguir em conexão sistemática.” (HESSEN, 2000, pp. 14-15)

II – CONCEITUAÇÃO DE TEORIA DO CONHECIMENTO

    A Teoria do Conhecimento é uma investigação sobre a origem, extensão e limite do conhecimento. Outros nomes são tidos como equivalentes a esta disciplina como epistemologia, gnoseologia.  Segundo Carvalho, a epistemologia e a teoria do conhecimento têm finalidades diferentes:
Por estar diretamente ligada aos problemas da ciência e do conhecimento, às vezes a epistemologia foi confundida com a teoria do conhecimento. Entretanto devemos evitar este equívoco, pois, enquanto a teoria do conhecimento sempre fez parte da filosofia, ao longo de sua história, procurando tratar do problema do conhecimento humano como um todo, o termo epistemologia só foi utilizado, no final do século XIX, inicialmente por alguns membros do “Círculo de Viena”, que usaram o termo para designar os estudos especificamente voltados para problemas das ciências empíricas (CARVALHO, p. 14).

Porém, estas diferentes acepções não estão bem convencionadas. Abbagnano diz que as diferenças possuem mais razões linguísticas:
Em italiano, o termo mais usado é gnoseologia. Em alemão, o termo Gnoséologie, cunhado pelo wolffiano Baumgarten, teve pouco sucesso, ao passo que o termo Erkenntnistheorie, empregado pelo kantiano Reinhold (Versuch einer neuen Theorie des menschlichen Vorstellungsvermögens, 1789) foi comumente aceito. Em inglês, o termo Epistemology foi introduzido por J. F. Ferrier (Institutes of Metaphysics, 1854) e é o único empregado comumente; Gnoseology é bem raro. Em francês, emprega-se comumente Gnoséologie e, mais raramente, Épistemologie. Todos esses nomes têm o mesmo significado... (ABBAGNANO, p. 183).

Em síntese, a Teoria do conhecimento tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o valor e os limites da faculdade de conhecer. (JAPIASSU).

III - O QUE É CONHECIMENTO
         Em tese, conhecimento é uma técnica para verificar que tipo é um objeto. Ou seja, um procedimento para descrever um objeto, calculá-lo ou prevê-lo. A técnica refere-se tanto à utilização dos órgãos dos sentidos ou de instrumentos que possibilitem ampliar a habilidade deles. As técnicas de verificação têm alcances variados, ora o conhecimento tem eficácia máxima, ora tem eficácia mínima ou nula (ABBAGNANO).
         A definição clássica de conhecimento foi desenvolvida por Sócrates, e aparece em diferentes diálogos de Platão, como o Teeteto, o Mênon, a República e o Timeu. Segundo a qual conhecimento seria uma opinião verdadeira justificada. No Teeteto, “a opinião verdadeira acompanhada de razão é conhecimento, e, desprovida de razão, a opinião está fora da conhecimento”. No Mênon, Sócrates afirma que “o conhecimento se distingue da opinião certa por seu encadeamento racional”.
         O primeiro elemento desta definição clássica de conhecimento é a opinião, a literatura anglofônica, prefere o termo ‘crença’. Se tomarmos alguns exemplos nem sempre crença e conhecimento são identificáveis.  Já a verdade segundo Platão e Aristóteles é afirmar que aquilo que é, é, e o que não é, não é.

Leitura proposta:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Verbete: Conhecimento, p. 174 -183.

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Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001