LÓGICA
SIMBÓLICA
Introdução[1]
Para
ter uma compreensão completa do raciocínio dedutivo, precisamos de uma teoria
geral de dedução. Uma teoria geral da dedução terá dois objetivos: (1) explicar
as relações entre premissas e conclusões em argumentos dedutivos, e (2) fornecer
técnicas para fazer distinções entre deduções válidas e inválidas.
Dois
grandes conjuntos de teoria lógica buscaram alcançar esses fins. O primeiro é
chamado de lógica clássica (ou aristotélica). O segundo, chamado moderno,
simbólico, ou lógica matemática, [...].
Embora
estes dois grandes conjuntos de teoria tenham objetivos semelhantes, eles
procedem de maneiras muito diferentes. A lógica moderna não se baseia no
sistema de silogismos. Ela não começa com a análise de proposições categóricas.
Procura separar argumentos válidos de argumentos inválidos, mas o faz usando conceitos
e técnicas muito diferentes. Portanto, devemos começar de novo, desenvolvendo
um sistema lógico moderno que trata de alguns dos mesmos problemas tratados
pela lógica tradicional - e o faz de forma ainda mais eficaz.
A
lógica moderna começa primeiramente pela identificação dos conectivos lógicos
fundamentais dos quais os argumentos dedutivos dependem. Usando estes
conectivos, uma representação geral de tais argumentos é dada, e métodos para
testar a validade dos argumentos são desenvolvidos.
Esta
análise da dedução requer uma linguagem artificial simbólica. Numa linguagem
natural - inglês ou qualquer outro - existem peculiaridades que fazem com que a
análise lógica exata seja difícil: as palavras podem ser vagas ou equívocas, a
construção de argumentos pode ser ambígua, as metáforas e os idiomas podem confundir
ou enganar, os apelos emocionais podem distrair. Essas dificuldades podem ser superadas
em grande parte com uma linguagem artificial em que as relações lógicas podem
ser formuladas com precisão [...].
Os
símbolos facilitam muito nosso pensamento sobre os argumentos. Eles nos
permitem chegar ao coração de um argumento, exibindo sua natureza essencial e
colocando de lado o que não é essencial. Além disso, com símbolos podemos
realizar, quase mecanicamente, com o olho, algumas operações lógicas que de
outra forma exigiriam um grande esforço. Pode parecer paradoxal, mas uma
linguagem simbólica, portanto, nos ajuda a realizar algumas tarefas intelectuais
sem ter que pensar muito. Os números indo-arábicos que usamos hoje (1, 2, 3...)
ilustram as vantagens de uma linguagem simbólica melhorada. Eles substituíram o
incômodo dos números romanos (I, II, III...), que são muito difíceis de
manipular. Multiplicar 113 por 9 é fácil; multiplicar CXIII por IX não é tão fácil.
Mesmo os romanos, alguns estudiosos afirmam, foram obrigados a encontrar formas
de simbolizar números de modo mais eficiente.
Os
lógicos clássicos entenderam o enorme valor dos símbolos na análise. Aristóteles
usou símbolos como variáveis em suas próprias análises e o sistema refinado,
a silogística aristotélica usa símbolos de maneiras muito sofisticadas.
No
entanto, muitos progressos reais foram feitos, principalmente durante o século
XX, na elaboração e utilização de símbolos lógicos de forma mais eficaz.
O
simbolismo moderno com que a dedução é analisada difere muito do clássico. As
relações das classes de coisas não são fundamentais para os lógicos modernos como
eram para Aristóteles e seus seguidores. Em vez disso, os lógicos parecem se
voltar agora para a estrutura interna das proposições e argumentos, e para as
conexões lógicas - muito pouco em número - que são críticos em todos os
argumentos dedutivos. A lógica simbólica moderna não é, portanto, anotada, como
a lógica aristotélica, pela necessidade de transformar argumentos dedutivos em
forma silogística.
O
sistema de lógica moderna que agora começamos a explorar é de certa forma menos
elegante do que a silogística analítica, mas é mais poderosa. Existem formas de
dedução argumento que as silogísticas não podem abordar adequadamente. Usando a
abordagem tomada pela lógica moderna,
com sua linguagem simbólica mais versátil, nós podemos perseguir diretamente os
objetivos da análise dedutiva e podemos ir mais profundamente. Os símbolos
lógicos que vamos explorar permitem obter uma realização mais eficiente do
objetivo central da lógica dedutiva: discriminação entre argumentos válidos e
inválidos.
[1] Tradução do texto das páginas 304 a 305 de:
COPI, Irving. Modern Logic and
Symbolic Language. In: COPI, Irving; COHEN, Carl; MCMAHON,
Kenneth. Introduction to the Logic. Essex:
Pearson, 2014.
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