MÓDULO II - O PTOLOMEU E O GEOCENTRISMO
Ptolomeu
viveu em Alexandria (Egito) de 90 a 162 d. C, foi fortemente influenciado pelas
ideias de Hiparco de Niceia. A sua contribuição para a história de astronomia
foi o fato de ter desenvolvido um sistema geométrico-matemático para explica o
cosmo a partir do modelo aristotélico.
A Almagesto
O Almagesto ou Sintaxis
do Tratado de Matemática foi escrito entre os anos 138 d. C. a 161 d. C.
(Século II) pelo astrônomo Cláudio
Ptolomeu e foi organizado em 13 livros. Interessa-nos analisar o Livro I
intitulado de ‘Natureza do Universo’. Nele encontraremos as bases do
geocentrismo.
A estrutura do Almagesto
Ø Prefácio e Introdução
Ø Livro I - Natureza do
universo. Teoria trigonométrica
Ø Livro II - Aspectos
da Astronomia Esférica. Latitudes terrestres
Ø Livro III – Teoria do
Sol
Ø Livro IV - Teoria da
Lua
Ø Livro V - Teoria
Avançada da Lua. Paralaxe Solar e Lunar
Ø Livro VI - Teoria de
Eclipses
Ø Livro VII - Tratado
de estrelas fixas. Catálogo do Hemisfério Norte
Ø Livro VIII - Catálogo
do Hemisfério Sul. Construção de um Globo
Ø Livro IX - Hipótese
dos Planetas. Longitudes de Mercúrio
Ø Livro X - Longitudes
de Vênus e Marte
Ø LIVRO XI - Longitudes
de Júpiter e Saturno
Ø LIVRO XII -
Movimentos retrógrados e alongamentos de
Vênus e Mercúrio
Ø LIVRO XIII -
Latitudes planetárias e outros fenômenos (fases)
Ø Apêndice - Exemplos
Práticos
Livro I – O Sistema Geocêntrico
Ptolomeu
apresenta seu programa de estudos: A constituição do mundo habitado, o
movimento do sol e da lua, a teoria das estrelas e os cinco planetas. Ele
promete prova suas teorias através do método geométrico. Afirmações gerais: O
céu é esférico, a Terra é esférica e não
se move.
I.
Os céus se movem como esferas
Os
antigos observavam que os céus se moviam em torno da Terra em períodos
fixos. As estrelas mais próximas têm
círculos menores. Aquelas mais distantes ficavam mais tempo invisíveis.
Os
movimentos são circulares porque os astros retornam ao ponto de partida, ao
contrário desapareceriam no infinito.
Deduz-se
que o éter é esférico. Os corpos celestes conseqüentemente são esféricos. A
Terra é sensivelmente esférica visto que os astros se põem em momentos
diferentes para observadores que estão a leste ou a oeste.
A hora registrada pelos observadores
que estão mais a leste é sempre mais tardia que a registrada pelos que estão
mais a oeste. As diferenças em horas são
proporcionais às distâncias. A curvatura da superfície da água é também prova
de que a Terra é curva.
II. A Terra se encontra no centro dos céus
Se
a Terra fosse uma esfera reta não ocorreria o equinócio. Se fosse uma esfera
oblíqua também não ocorreria o fenômeno visto que não haveria divisão do
horizonte em duas partes.
Se
a Terra não tivesse no meio do céu não se observaria a sombra em linha reta
quando o sol está sobre o equador. Portanto, a Terra está no centro do céu.
III. A Terra é imóvel
A
Terra não realiza nenhum movimento. Ela ocupa um lugar central no universo e todos
objetos tendem a repouso nesse ponto (Cap. 7, Livro I).
O
céu é feito de éter, portanto é esferiforme e incorruptível.
Os movimentos dos corpos celestes
Há dois movimentos primários diferentes nos céus.
Ø 1º - Movimento de leste a oeste: Um movimento uniforme,
inalterável ao longo de círculos paralelos. O maior deles é o equador – origem
dos equinócios.
Ø 2º - Movimento nos polos opostos: O movimento das estrelas
oposto ao primeiro.
Os planetas possuem movimentos especiais, desviam seus
movimentos de leste-oeste para o norte e para o sul. “Este movimento diferente
em sua totalidade toma lugar ao redor dos polos do círculo inclinado que
definimos na direção oposta ao primeiro movimento”.
MÓDULO III - A COSMOLOGIA NA IDADE MÉDIA
A hegemonia do geocentrismo
O
geocentrismo foi o modelo cosmológico predominante durante toda a Idade Média.
Marciano
Capella (365-440), escritor romano e advogado, apresentou um sistema planetário
no qual Mercúrio e Vênus giravam em torno do Sol, a teoria geo-heliocêntrica de
Heráclides do Ponto. Redigiu uma enciclopédia em 9 livros com o título de
“Sobre as Núpcias de Mercúrio e da Filologia”. Essa se tornou a obra de
astronomia mais completa até o século XII.
No
livro VIII da obra, Capella trata dos escritos de Eratóstenes, Ptolomeu e
Hiparco.
Isidoro
de Sevilha e a astrologia naturalis
Poucos
estudiosos medievais trouxeram novidades no campo da astronomia. Isidoro de
Sevilha (560-636) na sua obra Etimologia tem o mérito de ter apresentado uma
síntese da astronomia clássica. Por causa da condenação cristã da astrologia,
ela a chamou de astrologia naturalis, distinguindo-a da astrologia
superstitiosa.
A
obra Etimologias foi escrita entre 612 e 621 e foi dedicada ao rei Sisebuto. No
Livro III de sua obra denominado “Sobre a Matemática”, Isidoro trata da
astronomia. O assunto é retomado também
no Livro XIII intitulado de “Sobre o Mundo e suas Partes”.
Porém,
a obra trata de uma descrição do Universo alegorizada, ou seja, a constituição
da natureza é uma figura da fé cristã.
Os astrônomos árabes
Os
astrônomos árabes influenciaram a Europa medieval. Após a queda do Império
Romano Ocidental, a herança intelectual grega chegou primeiro ao Oriente Médio
e ao Extremo Oriente.
Os
árabes se interessaram pelos estudos gregos de matemática, astronomia,
traduziram duas obras.
A
obra Almagesto foi introduzida na Europa através dos árabes. A obra traduzida
para o latim em 1272. A Espanha foi a portada de entrada. Azarquiel elaborou
uma lista de estrelas que ficou conhecida como Tabela Toledana. Mais tarde,
elas foram substituídas pela Tabela Alfonsina.
Principais astrônomos árabes
Al-Batani
(858-929) nasceu na atual Turquia. Em
seus trabalhos de astronomia determinou a duração precisa do ano sola (365
dias, 5 horas, 46’, 24’’).
Al-Sufi
(903-986) de origem persa. Escreveu a obra “O Livro das Estrelas Fixas” e corrigiu
dados de algumas estrelas descritas por Ptolomeu.
Al-Farghani
(903-986) nasceu no atual Usbequistão.
Escreveu o livro “Elementos deAstronomia”, mediu o diâmetro da Terra e
descreveu o movimento dos planetas.
Os árabes foram responsáveis por despertar na
Europa o interesse pela astronomia abrindo assim caminhos para se pensar no
heliocentrismo.
Antecedentes
de uma Revolução Científica
Roger
Bacon (1214-1294): Foi um filósofo inglês que deu ênfase ao empirismo e ao
uso da matemática nas ciências naturais. Emprego do método observação –
hipótese – experimentação. Conceito de leis da natureza. Escreveu Spéculum
Astronomiae.
Guilherme
de Ockham (1280-1349) – Defendeu que o objeto da ciência é constituído pelo
objeto individual. A realidade inteira é
individual, o universal não é real.
No
Renascimento houve o florescimento de um naturalismo. Procurava-se explicar a
natureza mediante princípios universais.
Bernardino Telésio (1509-1588)
representa uma sistematização do naturalismo da Renascença: a saber, uma
tentativa para explicar a natureza mediante os princípios universais imanentes
à mesma natureza.
Os estudos cosmológicos do século XV
No
século XV, Johannes Müller conhecido como Regiomontano fez novas medidas e
observações astronômicas. Reativou o estudo da astronomia na Renascença. Foi um
famoso matemático e escreveu uma importante obra sobre trigonometria em 1464, a
“De Triángulis Omnímodis”. Segundo ele a trigonometria é um conhecimento
indispensável para a astronomia.
Juntamente
com Bernhard Walther observou o cometa de 1472. E tentou estimar a sua
distância da Terra usando um ângulo de paralaxe. Regiomontano criou um centro para estudos de astronomia em
Nuremberg.
Nicolau
de Cusa (1401-1464) afirmou que a Terra não poderia ser imóvel e o Universo não
poderia ser finito. Segundo o mundo é a
imagem de Deus, sendo Deus infinito o mundo também o é.
A obra de Nicolau intitula-se de “Da
douta ignorância”. O conhecimento das coisas finitas por comparação ou relação
pode ser fácil ou difícil, mas é possível.
Porém,
quando se trata de coisas infinitas é difícil conhecer porque a elas escapam a
toda proporção. O conceito de douta ignorância é justamente essa consciência
dessa desproporção na busca da verdade.
O
caminho indicado pelo Cusano para conhecer o infinito é a busca por aproximação
visto que no infinito ocorre a coincidentia oppositorum.
Em
Deus, infinito, coincidem todas as distinções que nas criaturas se apresentam
como opostas. Deus é a coincidência do máximo e do mínimo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário