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sábado, 31 de outubro de 2015

Cosmologia: Geocentrismo

MÓDULO II - O PTOLOMEU E O GEOCENTRISMO

            Ptolomeu viveu em Alexandria (Egito) de 90 a 162 d. C, foi fortemente influenciado pelas ideias de Hiparco de Niceia. A sua contribuição para a história de astronomia foi o fato de ter desenvolvido um sistema geométrico-matemático para explica o cosmo a partir do modelo aristotélico.

A Almagesto

            O Almagesto ou Sintaxis do Tratado de Matemática foi escrito entre os anos 138 d. C. a 161 d. C. (Século II)  pelo astrônomo Cláudio Ptolomeu e foi organizado em 13 livros. Interessa-nos analisar o Livro I intitulado de ‘Natureza do Universo’. Nele encontraremos as bases do geocentrismo.

A estrutura do Almagesto

Ø  Prefácio e Introdução
Ø  Livro I - Natureza do universo. Teoria trigonométrica
Ø  Livro II - Aspectos da Astronomia Esférica. Latitudes terrestres
Ø  Livro III – Teoria do Sol
Ø  Livro IV - Teoria da Lua
Ø  Livro V - Teoria Avançada da Lua. Paralaxe Solar e Lunar
Ø  Livro VI - Teoria de Eclipses
Ø  Livro VII - Tratado de estrelas fixas. Catálogo do Hemisfério Norte
Ø  Livro VIII - Catálogo do Hemisfério Sul. Construção de um Globo
Ø  Livro IX - Hipótese dos Planetas. Longitudes de Mercúrio
Ø  Livro X - Longitudes de Vênus e Marte
Ø  LIVRO XI - Longitudes de Júpiter e Saturno
Ø  LIVRO XII - Movimentos retrógrados e alongamentos  de Vênus e Mercúrio
Ø  LIVRO XIII - Latitudes planetárias e outros fenômenos (fases)
Ø  Apêndice - Exemplos Práticos

Livro I – O Sistema Geocêntrico

            Ptolomeu apresenta seu programa de estudos: A constituição do mundo habitado, o movimento do sol e da lua, a teoria das estrelas e os cinco planetas. Ele promete prova suas teorias através do método geométrico. Afirmações gerais: O céu é esférico, a Terra é esférica e não se move.

I.    Os céus se movem como esferas

            Os antigos observavam que os céus se moviam em torno da Terra em períodos fixos.  As estrelas mais próximas têm círculos menores. Aquelas mais distantes ficavam mais tempo invisíveis.
            Os movimentos são circulares porque os astros retornam ao ponto de partida, ao contrário desapareceriam no infinito.
            Deduz-se que o éter é esférico. Os corpos celestes conseqüentemente são esféricos. A Terra é sensivelmente esférica visto que os astros se põem em momentos diferentes para observadores que estão a leste ou a oeste.
            A hora registrada pelos observadores que estão mais a leste é sempre mais tardia que a registrada pelos que estão mais a oeste. As diferenças em horas são proporcionais às distâncias. A curvatura da superfície da água é também prova de que a Terra é curva.


II. A Terra se encontra no centro dos céus

            Se a Terra fosse uma esfera reta não ocorreria o equinócio. Se fosse uma esfera oblíqua também não ocorreria o fenômeno visto que não haveria divisão do horizonte em duas partes.
            Se a Terra não tivesse no meio do céu não se observaria a sombra em linha reta quando o sol está sobre o equador. Portanto, a Terra está no centro do céu.

III. A Terra é imóvel

            A Terra não realiza nenhum movimento. Ela ocupa um lugar central no universo e todos objetos tendem a repouso nesse ponto (Cap. 7, Livro I).
            O céu é feito de éter, portanto é esferiforme e incorruptível.

Os movimentos dos corpos celestes

            Há dois movimentos primários diferentes nos céus.
Ø  1º - Movimento de leste a oeste: Um movimento uniforme, inalterável ao longo de círculos paralelos. O maior deles é o equador – origem dos equinócios.
Ø  2º - Movimento nos polos opostos: O movimento das estrelas oposto ao primeiro.
            Os planetas possuem movimentos especiais, desviam seus movimentos de leste-oeste para o norte e para o sul. “Este movimento diferente em sua totalidade toma lugar ao redor dos polos do círculo inclinado que definimos na direção oposta ao primeiro movimento”.


MÓDULO III - A COSMOLOGIA NA IDADE MÉDIA

A hegemonia do geocentrismo

            O geocentrismo foi o modelo cosmológico predominante durante toda a Idade Média.
            Marciano Capella (365-440), escritor romano e advogado, apresentou um sistema planetário no qual Mercúrio e Vênus giravam em torno do Sol, a teoria geo-heliocêntrica de Heráclides do Ponto. Redigiu uma enciclopédia em 9 livros com o título de “Sobre as Núpcias de Mercúrio e da Filologia”. Essa se tornou a obra de astronomia mais completa até o século XII.
            No livro VIII da obra, Capella trata dos escritos de Eratóstenes, Ptolomeu e Hiparco.

Isidoro de Sevilha e a astrologia naturalis

            Poucos estudiosos medievais trouxeram novidades no campo da astronomia. Isidoro de Sevilha (560-636) na sua obra Etimologia tem o mérito de ter apresentado uma síntese da astronomia clássica. Por causa da condenação cristã da astrologia, ela a chamou de astrologia naturalis, distinguindo-a da astrologia superstitiosa.
            A obra Etimologias foi escrita entre 612 e 621 e foi dedicada ao rei Sisebuto. No Livro III de sua obra denominado “Sobre a Matemática”, Isidoro trata da astronomia.  O assunto é retomado também no Livro XIII intitulado de “Sobre o Mundo e suas Partes”.
            Porém, a obra trata de uma descrição do Universo alegorizada, ou seja, a constituição da natureza é uma figura da fé cristã.

Os astrônomos árabes

            Os astrônomos árabes influenciaram a Europa medieval. Após a queda do Império Romano Ocidental, a herança intelectual grega chegou primeiro ao Oriente Médio e ao Extremo Oriente.
            Os árabes se interessaram pelos estudos gregos de matemática, astronomia, traduziram duas obras.
            A obra Almagesto foi introduzida na Europa através dos árabes. A obra traduzida para o latim em 1272. A Espanha foi a portada de entrada. Azarquiel elaborou uma lista de estrelas que ficou conhecida como Tabela Toledana. Mais tarde, elas foram substituídas pela Tabela Alfonsina.

Principais astrônomos árabes

            Al-Batani (858-929) nasceu na atual Turquia.  Em seus trabalhos de astronomia determinou a duração precisa do ano sola (365 dias, 5 horas, 46’, 24’’).
            Al-Sufi (903-986) de origem persa. Escreveu a obra “O Livro das Estrelas Fixas” e corrigiu dados de algumas estrelas descritas por Ptolomeu.
            Al-Farghani (903-986) nasceu no atual Usbequistão.  Escreveu o livro “Elementos deAstronomia”, mediu o diâmetro da Terra e descreveu o movimento dos planetas.
Os árabes foram responsáveis por despertar na Europa o interesse pela astronomia abrindo assim caminhos para se pensar no heliocentrismo.

Antecedentes de uma Revolução Científica

            Roger Bacon (1214-1294): Foi um filósofo inglês que deu ênfase ao empirismo e ao uso da matemática nas ciências naturais. Emprego do método observação – hipótese – experimentação. Conceito de leis da natureza. Escreveu Spéculum Astronomiae.
            Guilherme de Ockham (1280-1349) – Defendeu que o objeto da ciência é constituído pelo objeto individual.  A realidade inteira é individual, o universal não é real.
            No Renascimento houve o florescimento de um naturalismo. Procurava-se explicar a natureza mediante princípios universais.
            Bernardino Telésio (1509-1588) representa uma sistematização do naturalismo da Renascença: a saber, uma tentativa para explicar a natureza mediante os princípios universais imanentes à mesma natureza.

Os estudos cosmológicos do século XV

            No século XV, Johannes Müller conhecido como Regiomontano fez novas medidas e observações astronômicas. Reativou o estudo da astronomia na Renascença. Foi um famoso matemático e escreveu uma importante obra sobre trigonometria em 1464, a “De Triángulis Omnímodis”. Segundo ele a trigonometria é um conhecimento indispensável para a astronomia.
            Juntamente com Bernhard Walther observou o cometa de 1472. E tentou estimar a sua distância da Terra usando um ângulo de paralaxe. Regiomontano  criou um centro para estudos de astronomia em Nuremberg. 
            Nicolau de Cusa (1401-1464) afirmou que a Terra não poderia ser imóvel e o Universo não poderia ser finito.  Segundo o mundo é a imagem de Deus, sendo Deus infinito o mundo também o é.
            A obra de Nicolau intitula-se de “Da douta ignorância”. O conhecimento das coisas finitas por comparação ou relação pode ser fácil ou difícil, mas é possível.
            Porém, quando se trata de coisas infinitas é difícil conhecer porque a elas escapam a toda proporção. O conceito de douta ignorância é justamente essa consciência dessa desproporção na busca da verdade.
            O caminho indicado pelo Cusano para conhecer o infinito é a busca por aproximação visto que no infinito ocorre a coincidentia oppositorum.
            Em Deus, infinito, coincidem todas as distinções que nas criaturas se apresentam como opostas. Deus é a coincidência do máximo e do mínimo.






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Bibliografia

ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. Rev. atual. São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 12ª ed. São Paulo: Paulus, 2001